sábado, 20 de novembro de 2010

SEFARAD, SEFARADI E SEFARADIM

                                 Sepharadic men in YIsrael - 1889.


Sefarad é um topônimo de origem hebraica, que se menciona pela primeira vez na profecia de Abdias, versículo 20, como um dos lugares que habitavam deportados de Jerusalém. Muitos acreditam que a alusão bíblica se referia à antiga Sardis, cidade da Ásia Menor, mas a tradição judaica, principalmente a partir do século VIII, tendeu a identificar o termo Sefarad com o extremo ocidental do mundo conhecido, ou seja, a Península Ibérica, de modo que, durante toda a Idade Média, e especialmente durante a época de ouro da cultura hispano-hebraica e também em sua diáspora, os judeus espanhóis se referissem assim a essa região.


Sefaradi, portanto, é o gentílico com o qual se autodenominam os judeus espanhóis, e sefaradim, seu plural, respeitando a morfologia hebraica. No Brasil, também aparecem os termos sefardim e seu plural sefardins, bem como o termo sefardita e sefarditas.
O termo sefaradi também se utiliza com freqüência em oposição ao termo askenazi, este em alusão a Askenazi, outro tronco étnico-cultural do judaísmo: o franco-germânico-eslavo. O termo Askenazi, assim como Sefarad, também é um topônimo bíblico, que em sua origem parece referir-se a um país do alto Eufrates colidente com a Armênia, e que os judeus a partir da Idade Média identificaram com os primeiros assentamentos judaicos centros-europeus: Alemanha, Norte da França, Polônia e Lituânia, entre outros.

É importante esclarecer o significado e usos desses termos porque, em sua diáspora, os sefaradim tomaram contato com outros grupos judaicos: os já citados askenazim; os judeus romaniotas, provenientes do antigo Império Romano e assentados na região do Oriente mediterrâneo; os judeus arabizados; os caraítas; e outros.

Apesar de dispersos em muitos países, os sefaradim sentiram o perigo do desaparecimento do judeu-espanhol e vêm lutando para preservar sua cultura, seus valores, sua tradição e sua língua. Formaram comunidades novas, ativas e unidas, principalmente em Madri, Paris, Buenos Aires, Caracas, Lima, Toronto, Montreal e Israel. No Brasil, grupos de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul vêm se esforçando em manter a riqueza cultural sefaradi, principalmente por meio da música.

Os sefaradim tinham sempre uma música para cada ocasião, desde a aurora até o crepúsculo. Entoavam canções para celebrar o nascimento, o namoro, o noivado, o casamento, as brigas conjugais e até mesmo a terrível dor de cotovelo. As mais lindas melodias de ninar e os mais belos poemas de amor de todos os tempos fazem parte desse fantástico repertório medieval ibérico que os Sefaradim conseguiram preservar intocado por vários séculos.


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