sábado, 1 de outubro de 2011

JUDEUS SEFARADITA


No período do Primeiro Templo, os habitantes originais de Jerusalém foram sefardita. O rei da Babilônia, invadiu a Cidade Santa com seus exércitos para destruir o Templo Sagrado e capturar toda a Israel. Judeus sefarditas foram mortos. Muitos fu giram para o Irã, Iraque, Marrocos, Turquia, e até mesmo a grande maioria Salónica. Mas conseguiram ficar juntos chegando a uma península que se sentiram seguros.

Eles descobriram que a terra era fértil e o clima perfeito para eles. Eles chamavam a península "Sefarad". Infelizmente, muitos dos povos de Israel foram capturados, levados para a Babilônia, e estavam na escravidão por 70 anos.Apesar de todos de Israel forçados a servir o rei de Babilônia por 70 anos, os judeus sefarditas continuaram a servir a Deus livremente de seus antepassados, Avraham, Yitzhak e Yaakov.

Os judeus da Babilônia não tinham lugar para ir. Esdras veio em seu socorro e amorosamente ajudou a voltar à Toráh e compromisso de servir ao D us de Israel novamente.

Também sabiam que enquanto foram escravizados por 70 anos, os judeus sefarditas viviam livres e total acordo original dado no Monte Sinai ... em Sefarad. A península se tornou "Iveria". Ivri significa "hebraico" Iveria significa "o lugar dos hebreus."

Este "lugar dos hebreus" é mais conhecida como a Península Ibérica. Muitos séculos mais tarde veio a ser conhecida como Espanha.

A Rainha de Castela juntamente com Rei de Portugal implantaram a Inquisição, Judeus Sefaradi foram assassinados por um período de dez anos. Em 1492, Cristóvão Colombo ( JUDEU SEFARADI), disse a rainha que não conseguia encontrar alguém que queria entrar em sua jornada com os três navios que havia construído, porque eles acreditavam que o mundo era plano.

A Rainha disse para levar muita gente , porque os presídios estavam cheios de "criminosos".Eles eram os "criminosos" do estado ... os judeus sefarditas! O rei emitiu um decreto para banir de uma vez por todas, todos os judeus da Espanha.

A expulsão dos judeus de Espanha deu a chance de Colombo encher seus navios até a borda com os judeus sefarditas. Ele veio, não na América do Norte, mas no Caribe e na América do Sul em primeiro lugar.

by coisasjudaicas.com

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Abraão era judeu?


"Recentemente alguém me disse que Abraão não era judeu, mas caldeu. Também Isaque e Jacó não teriam sido judeus. Somente depois do filho de Jacó, Judá, eles teriam se tornado judeus (tribo de Judá). Tenho outra opinião, porque em Gênesis 11.10ss são mencionadas as gerações de Sem, onde aparece também Abraão. Pois os judeus vêm da descendência de Sem (semitas). E Abraão, em geral, é tido como patriarca dos judeus. Minha opinião está correta ou estou enganado?"

Na verdade Abraão ou Abrão, como ele se chamava inicialmente, não era judeu de berço. Gênesis 11.26-28 diz em relação à sua origem: "Viveu Tera setenta anos e gerou a Abrão, a Naor e a Harã. São estas as gerações de Tera. Tera gerou a Abrão, a Naor e a Harã; e Harã gerou a Ló. Morreu Harã, na terra de seu nascimento, em Ur dos caldeus, estando Tera, seu pai, ainda vivo." Sobre Ur lemos num dicionário bíblico: "Cidade muito antiga no sul da Babilônia, que se indentifica como Tell el-Muqayyar; ela estava situada na margem direita do rio Eufrates, a meio caminho entre Bagdá e o Golfo Pérsico. Tera e seus filhos – entre eles Abrão – nasceram em Ur e de lá se mudaram para Harã". Portanto, a pátria de Abraão ficava na Babilônia. Josué também salienta isso no seu "discurso à nação": "...Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Antigamente, vossos pais, Tera, pai de Abraão e de Naor, habitaram dalém do Eufrates e serviram a outros deuses" (Js 24.2). Abraão de fato descendia de Sem, portanto era um semita, mas ele servia a quaisquer outros deuses babilônicos. Ter origem semítica ainda não significava ser o patriarca de Israel, mas simplesmente que Canaã lhe seria submisso, seria seu servo (Gn 9.26).
A mudança só ocorreu em Gênesis 12. Ali houve um acontecimento que não apenas desestruturou o pequeno mundo de Abraão, mas que teve conseqüências que vão perdurar até o fim dos tempos. O Deus Soberano, o Criador dos céus e da terra, chamou um único homem, ordenou-lhe que deixasse sua terra e partisse para uma terra distante que Ele lhe mostraria. O Senhor não lhe disse o nome dessa terra. Por isso, Abraão não sabia em que se envolveria, mas creu na promessa que lhe foi dada a seguir: "de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção!" (Gn 12.2). Embora somente seu neto Jacó tenha recebido o nome de Israel (Gn 32.28), isto não muda o fato de Abraão ser o patriarca do povo de Israel. Pois Abraão, Isaque e Jacó sempre são mencionados em conjunto, por exemplo, em Gênesis 50.24; Êxodo 33.1; Levítico 26.42; Números 32.11; Deuteronômio 1.8; Mateus 1.2; Lucas 13.28; Hebreus 11.8-9 e assim por diante. A base para isso é e continuará sendo a aliança de Deus com Abraão.
O nome "judeus" muitas vezes é usado como sinônimo de Israel, mas deveríamos lembrar que isso não é historicamente exato, pois o reino de Davi se dividiu depois da morte de Salomão (930 a.C.). Formou-se, por um lado, o Reino do Norte (as dez tribos de Israel) e, por outro lado, o Reino do Sul (as duas tribos de Judá, os descendentes de Judá e Benjamim – veja 1 Reis 12). Depois do cativeiro babilônico, o nome "judeus" é usado de modo geral para os habitantes da Judéia. É interessante que no Novo Testamento Ieshua é chamado de "Rei dos judeus" pelos estrangeiros (Mt 2.2; Mt 27.11, etc.), enquanto os próprios judeus o chamaram de "rei de Israel" (Mt 27.42). Atualmente não importa mais se um judeu ou uma judia descende de Judá, de Benjamim ou de qualquer uma das outras dez tribos. Usa-se a designação "judeus" genericamente para uma comunidade étnica que sobreviveu apesar de séculos de perseguição, porque Deus confirmou Sua aliança com Israel através de um juramento e conduzirá Seu povo para o alvo!

PRESENÇA JUDAICA NA LÍNGUA PORTUGUESA

EXPRESSÕES E DIZERES POPULARES EM PORTUGUÊS
DE ORIGEM CRISTÃ-NOVA OU MARRANA
Jane Bichmacher de Glasman (UERJ)
Há uma significativa probabilidade estatística de brasileiros descendentes de ibéricos, principalmente portugueses, terem alguma ancestralidade judaica. A base histórica para tal é a imigração maciça de judeus expulsos da Espanha, em 1492, para Portugal, devido à contiguidade geográfica e às promessas (não cumpridas) do Rei D. Manuel I, que traziam esperança de sua sobrevivência judaica como tal. Mesmo com a expulsão de Portugal em 1497, os judeus (além dos cristãos-novos e dos cripto-judeus ou marranos) chegaram a constituir 20 a 25% da população local.
Sefaradim (de Sefarad, Espanha, da Península Ibérica) procuraram refúgio em países próximos no Mediterrâneo, norte da África, Holanda e nas recém-descobertas terras de além-mar nas Américas, procurando escapar da Inquisição. Até hoje é controversa a origem judaica ou criptojudaica de descobridores e colonizadores do Brasil, para onde imigraram incontáveis cristãos-novos, alternando durante séculos uma vida como judeus assumidos e marranos, praticando o judaísmo secretamente (fora os que permaneceram efetivamente católicos), de acordo com os ventos políticos, sob o domínio holandês ou a atuação da Inquisição, variando de um clima de maior tolerância e liberdade à total intolerância e repressão.
Comparando apenas sob o ponto de vista cronológico, nem sempre lembramos que, enquanto o Holocausto na Segunda Guerra Mundial foi tão devastador, especialmente nos quatro anos de extermínio maciço de judeus, a Inquisição durou séculos, pelo menos três dos cinco da história “oficial” do Brasil, isto é, após o descobrimento. Tantos séculos de medo, denúncias, processos e mortes, geraram, por um lado, um ambiente psicológico de terror para os judeus e cristãos novos no Brasil; por outro, um antissemitismo evidente ou subliminar que permaneceu arraigado na população, inclusive como autodefesa e proteção.
Uma característica do comportamento de cristãos-novos “suspeitos” foi procurar ser “mais católicos do que os católicos”, buscando sobreviver à intolerância e determinando práticas socioculturais e linguísticas.
A citada alternância entre vidas assumidamente judaicas e marranas, praticando judaísmo em segredo, com costumes variados, unificados pela “camuflagem” de seu teor judaico, gerou comportamentos e aspectos culturais (abrangendo rituais, superstições, ditados populares, etc.) que se arraigaram à cultura nacional. A maioria da população desconhece que muitos costumes e dizeres que fazem parte da cultura brasileira têm sua origem em práticas criptojudaicas. Apresentarei alguns exemplos bem como suas origens e explicações, a partir da origem judaica “marrana”.
“Gente da nação” é uma das denominações para designar marranos, judeus, cristãos-novos e cripto-judeus, embora existam diferenças entre termos e personagens.
Cristãos-novos foi denominação dada aos judeus que se converteram em massa na Península Ibérica nos séculos XIII e XIV; é preconceituosa devido à distinção feita entre os mesmos e os “cristãos-velhos”, concretizado nas leis espanholas discriminatórias de “Limpieza de Sangre” do século XV.
Criptojudeus eram os cristãos-novos que mantiveram secretamente seu judaísmo. Gente da nação era a expressão mais utilizada pela Inquisição e Marranos, como ficaram mais conhecidos. Embora todos fossem descendentes de judeus, só poucos voltaram a sê-lo, e em países e épocas que o permitiram.
O próprio termo “marrano” possui uma etimologia diversificada e antitética. Unterman (1992: 166), conceitua de forma tradicional, como “nome em espanhol para judeus convertidos ao cristianismo que se mantiveram secretamente ligados ao judaísmo. A palavra tem conotação pejorativa” geralmente aplicada a todos os cripto-judeus, particularmente aos de origem ibérica. Em 1391 houve uma maciça conversão forçada de judeus espanhóis, mas a maioria dos convertidos conservou sua fé. Já Cordeiro (1994), com base nas pesquisas de Maeso (1977), afirma que a tradução por “porco” em espanhol tornou-se secundária diante das várias interpretações existentes na histografia do marranismo.
Para o historiador Cecil Roth (1967), marrano, velho termo espanhol que data do início da Idade Média que significa porco, aplicado aos recém-convertidos (a princípio ironicamente devido à aversão judaica à carne de porco), tornou-se um termo geral de repúdio que no século XVI se estendeu e passou a todas as línguas da Europa ocidental.
A designação expressa a profundidade do ódio que o espanhol comum sentia pelos conversos com quem conviviam. Seu uso constante e cotidiano carregado de preconceito turvou o significado original do vocábulo. Em “Santa Inquisição: terror e linguagem”, Lipiner (1977) apresenta as definições: “Marranos: As derivações mais remotas e mais aceitáveis sugerem a origem hebraica ou aramaica do termo. Mumar: converso, apóstata. Da raiz hebraica mumar, acrescida do sufixo castelhano ano derivou a forma composta mumrrano, abreviado: Marrano. Tratar-se-ia, pois de um vocábulo hebraico acomodado às línguas ibéricas. Marit-áyin: aparência, ou seja, cristão apenas na aparência. Mar-anús: homem batizado à força. Mumar-anus: convertido à força. Contração dos dois termos hebraicos, mediante a eliminação da primeira sílaba”. Anus, em hebraico, significa forçado, violentado.
Antes de exemplificar a contribuição linguística marrana, convém ressaltar que a vinda dos portugueses para o Brasil trouxe consigo todos os empréstimos culturais e linguísticos que já haviam sido incorporados ao cotidiano ibérico, desde uma época anterior à Inquisição, além de novos hábitos e características; muitas palavras e expressões de origem hebraica foram incorporadas ao léxico da língua portuguesa mesmo antes de os portugueses chegarem ao Brasil. Elas encontram-se tão arraigadas em nosso idioma que muitas vezes têm sua origem confundida como sendo árabe ou grega. Exemplo: a “azeite”, comumente atribuída uma origem árabe por se assemelhar a um grande número de palavras começadas por “al-” (como alface, alfarrábio, etc.), identificadas como sendo de origem árabe por esta partícula corresponder ao artigo nesta língua. O artigo definido hebraico é a partícula “a-” e “azeite” significa, literalmente, em hebraico “a azeitona” (ha-zait).
Apesar da presença judaica por tantos séculos, em Portugal como no Brasil, as perseguições resultaram também em exclusões vocabulares. A maior parte dos hebraísmos chegou ao português por influência da linguagem religiosa, particularmente da Igreja Católica, fazendo escala no grego e no latim eclesiásticos, quase sempre relacionados a conceitos religiosos, exemplos: aleluia, amém, bálsamo, cabala, éden, fariseu, hosana, jubileu, maná, messias, satanás, páscoa, querubim, rabino, sábado, serafim e muitos outros.
Algumas palavras adotaram outros significados, ainda que relacionados à ideia do texto bíblico. Exemplos: babel indicando bagunça; amém passando a qualquer concordância com desejos; aleluia usada como interjeição de alívio.
O preconceito marca palavras originárias do hebraico usadas de forma depreciativa, como: desmazelo (de mazal – negligência, desleixo), malsim (de mashlin – delator, traidor), zote (de zot / subterrâneo, inferior, parte de baixo – pateta, idiota, parvo, tolo), ou tacanho (de katan – que tem pequena estatura, acanhado; pequeno; estúpido, avarento); além de palavras relacionadas a questões financeiras, como cacife, derivada de kessef = dinheiro.
Dezenas de nomes próprios têm origem hebraica bíblica, como: Adão, Abraão, Benjamim, Daniel, Davi, Débora, Elias, Ester, Gabriel, Hiram, Israel, Ismael, Isaque, Jacó, Jeremias, Jesus, João, Joaquim, José, Judite, Josué, Miguel, Natã, Rafael, Raquel, Marta, Maria, Rute, Salomão, Sara, Saul, Simão e tantos outros. Alguns destes, na verdade, são nomes aramaicos, oriundos da Mesopotâmia, como Abraão (Avraham), que se incorporaram ao léxico hebraico no início da formação do povo hebreu.
Podemos citar centenas de nomes e sobrenomes de judaizantes e números de seus dossiês, desde a instalação da Inquisição no Brasil, a partir dos arquivos da Torre do Tombo, em Lisboa, e de livros como Wiznitzer (1966), Carvalho (1982), Falbel (1977), Novinsky (1983), Dines (1990), Cordeiro (1994), etc. Sobrenomes muito comuns, tanto no Brasil como em Portugal, podem ser atribuídos a uma origem sefardita, já que uma das características marcantes das conversões forçadas era a adoção de um novo nome. Muitos conversos adotaram nomes de plantas, animais, profissões, objetos, etc., e estes podem ser encontrados em famílias brasileiras, até hoje, em número tão grande que seria difícil enumerá-los. Exemplos: Alves, Carvalho, Duarte, Fernandes, Gonçalves, Lima, Silva, Silveira, Machado, Paiva, Miranda, Rocha, Santos, etc. Não devemos excluir a possibilidade da existência de outros sobrenomes portugueses de origem judaica.
Porém é importante ressaltar que não se pode afirmar que todo brasileiro cujo sobrenome conste dos processos seja descendente direto de judeus portugueses; para se ter certeza é necessária uma pesquisa profunda da árvore genealógica das famílias.
Há ainda algumas palavras e expressões oriundas do misticismo judaico, tão desenvolvido na idade média. O estudo do Talmud e da Cabalá trouxe também contribuições do aramaico, como a conhecida expressão “abracadabra”, que é tida pela nossa cultura como uma “palavra mágica” (num sentido fabuloso), mas que, na realidade pode ser traduzida como “criarei à medida que falo” (num sentido real e sólido para a cultura judaica).
Algumas palavras também designam práticas judaicas ou formas de encobri-las, especialmente observável nos costumes alimentares. Por exemplo: os judeus são proibidos pela Torá de comer carne de porco, porque tem os cascos fendidos e não rumina, sendo, portanto, impuro. Para simular o abandono desse princípio e enganar espiões da Inquisição, os cristãos-novos inventaram as alheiras, embutidos à base de carne de vitelo, pato, galinha, peru – e nada de porco. Após algumas horas de defumação já podem ser consumidos. Da mesma forma, peixes “de couro” (sem escamas) não serviam para consumo.
Passando às expressões, apresento alguns exemplos, sua origem e explicação:
“Ficar a ver navios” – Em 1492 foi determinado que os judeus que não se convertessem teriam de deixar a Espanha até ao fim de julho. Centenas de milhares então se fixaram em Portugal. O casamento do rei D. Manuel com D. Isabel, filha dos Reis Católicos, levou-o a aceitar a exigência espanhola de expulsar todos os judeus residentes em Portugal que não se convertessem ao catolicismo, num prazo que ia de Janeiro a Outubro de 1497. O rei Dom Manuel precisava dos judeus portugueses, pois eram toda a classe média e toda a mão-de-obra, além da influência intelectual. Se Portugal os expulsasse logo como fez a Espanha, o país passaria por uma crise terrível. Na realidade D. Manuel não tinha qualquer interesse em expulsar esta comunidade, que então constituía um destacado elemento de progresso nos setores da economia e das profissões liberais. A sua esperança era que, retendo os judeus no país, os seus descendentes pudessem eventualmente, como cristãos, atingir um maior grau de aculturação. Para obter os seus fins lançou mão de medidas extremamente drásticas, como ter ordenado que os filhos menores de 14 anos fossem tirados aos pais a fim de serem convertidos. Então fingiu marcar uma data de expulsão na Páscoa. Quando chegou a data do embarque dos que se recusavam a aceitar o catolicismo, alegou que não havia navios suficientes para os levar e determinou um batismo em massa dos que se tinham concentrado em Lisboa à espera de transporte para outros países. No dia marcado, estavam todos os judeus no porto esperando os navios que não vieram. Todos foram convertidos e batizados à força, em pé. Daí a expressão: “ficaram a ver navios”. O rei então declarou: não há mais judeus em Portugal, são todos cristãos (cristãos-novos). Muitos foram arrastados até a pia batismal pelas barbas ou pelos cabelos.
“Pensar na morte da bezerra”: frase tão comumente dita por sertanejos quando querem referir-se a alguém que está meditando com ares de preocupação: “está pensando na morte da bezerra”. Registram as denunciações e as confissões feitas ao Santo Oficio, a noção popular, naquele distante período, do que seria o livro fundamental do judaísmo: a Torá. De Torá veio Toura e depois, bezerra, havendo inclusive quem afirmasse ter visto em cara de alguns cristãos-novos, o citado objeto, com chifres e tudo.
“Passar a mão na cabeça”, com o sentido de perdoar ou acobertar erro cometido por algum protegido, é memória da maneira judaica de abençoar de cristãos-novos, passando a mão pela cabeça e descendo pela face, enquanto pronunciava a bênção.
– Seridó, região no Rio Grande do Norte, tem seu nome originário da forma hebraica contraída: Refúgio dele. Porém, não é o que escreve Luís da Câmara Cascudo, indicando uma origem indígena do nome da região, de “ceri-toh”. Em hebraico, a palavra Sarid significa sobrevivente. Acrescentando-se o sufixo ó, temos a tradução sobrevivente dele. A variação Serid, “o que escapou”, pode ser traduzido também por refúgio. Desse modo, a tradução para o nome seridó seria refúgio dele ou seus sobreviventes.
– Passar mel na boca: quando da circuncisão, o rabino passa mel na boca da criança para evitar o choro. Daí a origem da expressão: “Passar mel na boca de fulano”.
– Para o santo: o hábito sertanejo de, antes de beber, derramar uma parte do cálice, tem raízes no rito hebraico milenar de reservar, na festa de Pessach (Páscoa), um copo de vinho para o profeta Elias (representando o Messias que virá, anunciado pelo Profeta Elias).
“Que massada!” –usada para se referir a uma tragédia ou contratempo, é uma alusão à fortaleza de Massada na região do Mar Morto, Israel, reduto de Zelotes, onde permaneceram anos resistindo às forças romanas após a destruição do Templo em 70 d.C., culminando com um suicídio coletivo para não se renderem, de acordo com relato do historiador Flávio Josefo.
“Pagar siza” significando pagar imposto vem do hebraico e do aramaico (mas = imposto, em hebraico de misa, em aramaico).
“Vestir a carapuça” ou “a carapuça serve para ...” vem da Idade Média inquisitorial, quando judeus eram obrigados a usar chapéus pontudos (ou com três pontas) para serem identificados.
“Fazer mesuras” origina-se na reverência à Mezuzá (pergaminho com versículos de DT.6, 4-9 e 11,13-21, afixado, dentro de caixas variadas, no batente direito das portas).
"Deus te crie" após o espirro de alguém é uma herança judaica da frase Hayim Tovim, que pode ser traduzido como tenha uma boa vida.
“Pedir a bênção” aos pais, ao sair e chegar em casa, é prática judaica que remonta à benção sacerdotal bíblica, com a qual pais abençoam os filhos, como no Shabat e no Ano Novo.
“Entrar e sair pela mesma porta traz felicidade” bem como o costume de varrer a casa da porta para dentro, costume arraigado até os dias de hoje, para “não jogar a sorte fora” é uma camuflagem do respeito pela Mezuzá, afixada nos portais de entrada, bem como aos dias de faxina obrigatória religiosa judaica, como antes do Shabat (Sábado, dia santo de descanso semanal) e de Pessach.
“Apontar estrelas faz crescer verrugas nos dedos” era a superstição que se contava às crianças para não serem vistas contando estrelas em público e denunciadas à Inquisição, pois o dia judaico começa no anoitecer do dia anterior, ao despontar das primeiras estrelas, dado necessário para identificar o início do Shabat e dos feriados judaicos.
Para concluir, gostaria de mencionar um tema polêmico decorrente deste intercâmbio cultural-religioso: sua influência no português, em vocábulos que adquiriram uma conotação pejorativa e negativa. Os mais discutidos são: judeu, significando usurário, o verbo judiar (e o substantivo judiação) com o sentido de maltratar, torturar, atormentar. Seja sua origem a prática de “judaizar” (cristãos-novos mantendo judaísmo em segredo e/ ou divulgando-o a outros), seja como referência ao maltrato e às perseguições sofridas pelos judeus durante a Inquisição, o fato é que, sem dúvidas, sua conotação é negativa, e cabe a nós estudiosos do assunto e vítimas do preconceito, esclarecer a população e a mídia, alertando e visando à erradicação deste uso, não só pelo desgastado “politicamente correto”, que leva a certos exageros, mas para uma conscientização do eco subliminar de um longo passado recente, Pelo qual não basta o pedido de perdão, se não conduzir a uma mudança no comportamento social.
Referências Bibliográficas
CARVALHO, Flávio Mendes de. Raízes judaicas no Brasil. São Paulo: Arcádia, 1982.
CORDEIRO, Hélio Daniel. Os marranos e a diáspora sefaradita. São Paulo: Israel, 1994.
DINES, Alberto. Vínculos do fogo. São Paulo: Cia. das Letras. 1990.
FALBEL, Nachman & GUINSBURG, Jacó. (org.) Os marranos. São Paulo: CEJ; USP, 1977.
GONSALVES DE MELLO, José Antonio. Gente da Nação In: Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano. 1979.
HOLANDA FERREIRA, Aurélio Buarque de. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
HOUAISS, Antonio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
LIPINER, Elias. Santa inquisição: Terror e linguagem. Rio de Janeiro. Documentário, 1977.
MAESO, David Gonzalo. A respeito da etimologia do vocábulo ‘marrano’. São Paulo, CEJ, 1977.
NOVINSKY, Anita. A inquisição. São Paulo: Brasiliense, 1983.
ROTH, Cecil (ed.) Enciclopédia judaica. Rio de Janeiro. Tradição, 1967.
UNTERMAN, Alan. Dicionário judaico de lendas e tradições. Rio de Janeiro: Zahar, 1992.
WIZNITZER, Arnold. Os judeus no Brasil Colonial. São Paulo: Pioneira, 1966.

domingo, 29 de maio de 2011

Exército israelense nomeia mulher general

O Exército israelense outorgou pela primeira vez em sua história a categoria de general a uma mulher, Orna Barbivay, de 49 anos, que assumirá o cargo nas próximas semanas, informou a imprensa local nesta sexta-feira (27).

A militar, que dirigirá o departamento de Recursos Humanos das Forças Armadas, desempenhava até agora a função de gerente desse departamento no Estado-Maior.




Casada e mãe de três filhos, Orna se alistou em 1981 no Exército israelense, no Corpo de Recursos Humanos, onde serviu em diferentes categorias até se tornar a gerente do Comando de Corpos de Infantaria.

A categoria de general é a segunda mais importante na hierarquia militar israelense e a mais elevada a que pode aspirar um soldado antes de ser designado chefe do Estado-Maior ou do Exército.

A promoção de Orna, decidida nesta quinta-feira (26) pelo chefe do Exército, Benny Gantz, e o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, foi recebida com entusiasmo por políticas e deputadas israelenses.

Tzipi Livni, líder do principal partido da oposição, o Kadima, comemorou a decisão, que qualificou de "mensagem correta à sociedade em Israel, tanto para homens quanto para mulheres".

terça-feira, 10 de maio de 2011

DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL

Lida por David Ben Gurion no dia 14 de maio de 1948
"A terra de Israel é o berço de origem do povo judeu. Aqui a sua identidade espiritual, política e religiosa foi moldada. Aqui os judeus formaram uma nação, criaram valores culturais de significado nacional e universal e deram ao mundo o eterno Livro dos Livros.

Depois de forçosamente exilado de sua terra, este povo conservou sua fé durante a dispersão e nunca deixou de sonhar e rezar com o retorno para a sua pátria e, nela, com a restauração de sua liberdade política. Impelidos por sua ligação histórica e tradicional, os judeus lutaram geração após geração para se estabelecer em sua antiga terra natal.

Nas décadas recentes, para cá voltaram em massa pioneiros e defensores que fizeram desertos florescerem, reavivaram o idioma hebraico, construíram vilas e cidades, criaram uma próspera comunidade que controla a sua própria economia e cultura, cultivando a paz mas sabendo como se defender, trazendo os benefícios do progresso para todos os habitantes do país e aspirando por sua independência nacional.

No ano de 5657 (1897), no Primeiro Congresso Sionista, o pai espiritual do Estado Judeu, Theodor Herzl, delineou e proclamou o direito do povo judeu de fazer renascer o seu próprio país. Este direito foi reconhecido pela Declaração Balfour de 2 de novembro de 1917 e reafirmado pelo mandato da Liga das Nações que, em particular, deu sanção internacional à conexão histórica entre o povo judeu e Eretz Israel e o direito deste povo de reconstruir o seu Lar Nacional.

A catástrofe que recentemente se abateu sobre o povo judeu, o massacre de milhões de judeus na Europa, foi outra clara demonstração da urgência de ser resolvido o problema dos sem-pátria, com o restabelecimento de um Estado Judeu em Eretz Israel, abrindo suas portas para todos os judeus e conferindo-lhes a condição de membros integrantes da comunidade das nações.

Sobreviventes do holocausto perpetrado pelos nazistas na Europa, assim como os judeus do resto do mundo, continuaram a emigrar para Eretz Israel. Apesar das dificuldades, restrições e perigos, nunca deixaram de assegurar seu direito a uma vida com dignidade, liberdade e trabalho honesto em seu Lar Nacional.

Na Segunda Guerra Mundial, a comunidade judaica deste país contribuiu por completo com as nações que amam a paz e a liberdade contra as forças da tirania nazista; e, com o sangue de seus combatentes e esforços de guerra, ganhou o direito de ser reconhecida entre os povos que fundaram as Nações Unidas.

No dia 29 de novembro de 1947, a Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou a resolução de um Estado Judeu em Eretz Israel. A Assembléia Geral instou seus habitantes a tomarem as medidas necessárias para a implementação dessa resolução. É irrevogável o reconhecimento das Nações Unidas pelo direito do povo judeu de estabelecer o seu Estado.

Este direito é o direito natural do povo judeu de ser o senhor de seu destino, em seu Estado soberano, a exemplo das demais nações.

Conseqüentemente, os membros do Conselho do Povo, representantes da comunidade judaica de Eretz Israel e do movimento sionista, aqui reunidos no dia do término do mandato britânico sobre Eretz Israel, em virtude de nosso histórico e natural direito e por força da resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas, por esta proclamação declaram o estabelecimento de um Estado Judeu em Eretz Israel, a ser conhecido como Estado de Israel.


Declaramos que a partir do término do mandato britânico esta noite, véspera do Shabat, no sexto dia do mês de Iyar de 5708, até o regular estabelecimento das autoridades do país, através de eleições não posteriores ao dia 1º de outubro de 1948, o Conselho do Povo atuará como o Conselho Provisório do Estado e seu órgão executivo será o governo provisório do Estado Judeu, designado como Israel.

O Estado de Israel estará aberto para a imigração judaica e para a reunião dos exilados; incrementará o desenvolvimento do país em benefício de todos os seus habitantes; será baseado na liberdade, na justiça e na paz conforme apregoado pelos profetas de Israel; vai assegurar a todos os seus habitantes igualdade e direitos sociais e políticos, independentemente de sua religião, raça ou sexo; garantirá a liberdade de religião, pensamento, idioma, educação e cultura; guardará os lugares sagrados de todas as religiões e será fiel aos princípios da Carta das Nações Unidas.

O Estado de Israel está pronto para cooperar com todas as agências e representantes das Nações Unidas para a implementação da resolução da Assembléia Geral de 29 de novembro de 1947 e tomará medidas para a integração econômica de toda Eretz Israel.

Nós apelamos às Nações Unidas para que ajudem o povo judeu na construção de seu Estado e que recebam o Estado de Israel na comunidade das nações.

Nós apelamos, mesmo em meio aos ataques contra nós desferidos, aos habitantes árabes do Estado de Israel que preservem a paz e participem da construção do país com base em plena e igual cidadania e na sua representação em todas as instituições provisórias e permanentes. Estendemos nossas mãos a todos os países que nos cercam em um oferecimento de paz e boa vizinhança e que estabeleçam laços de cooperação e ajuda mútua com o povo judaico, soberano em sua própria terra. O Estado de Israel está preparado para participar de um esforço comum pelo desenvolvimento de todo o Oriente Médio.

Apelamos aos judeus da Diáspora para cerrarem fileiras com os judeus de Eretz Israel nas tarefas de imigração e de soerguimento e os apoiem na luta pela realização de nosso antigo sonho, a redenção de Israel.

Asseverando nossa confiança na Rocha de Israel, apomos nossas assinaturas na presente proclamação, nesta sessão do Conselho Provisório do Estado, no solo de nossa pátria na cidade de Tel Aviv, véspera do Shabat, quinto dia do mês de Iyar de 5708".

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A PÁTRIA JUDAICA

 
Depois de uma espera de 1.878 anos, os judeus ganham um país. Mas a independência de Israel não encerra a longa marcha: a diplomacia fracassou e a guerra com os árabes continua.

Lida por Ben-Gurion e assinada pelos 24 dos 37 membros da assembléia presentes ao histórico evento, a declaração de independência do mais novo país do globo buscou no passado histórico e no presente político as bases morais e legais para sua fundação.
O documento notificava que a Terra de Israel era o local de nascimento do povo judeu e que o movimento sionista era testemunho do papel representado pela Palestina em sua história e religião. Dizia também que a declaração de Balfour e a partilha das Nações Unidas, além do sacrifício dos pioneiros sionistas e da tormenta sofrida com o Holocausto, davam aos judeus o direito inalienável de estabelecer seu estado no Oriente Médio. A cerimônia, transmitida pela Kol Yisrael, "a voz de Israel", tornada rádio oficial do novo estado sionista, provocou uma explosão incontida na população hebraica em todos os rincões da Palestina. Enquanto dentro do Museu Nacional de Tel-Aviv o público, emocionado, entoava a plenos pulmões a Hatikvah (tradicional canção judaica que celebra a esperança), do lado de fora do recinto, assim como em diversas cidades da nova nação – à exceção de Jerusalém, que se encontrava sem eletricidade –, populares ganhavam as ruas para congratular-se uns aos outros.

Combates ferrenhos - Em meio aos festejos, contudo, era possível notar no semblante de David Ben-Gurion que o calejado líder não comungava do regozijo de seus pares. Antes de sair do local, acompanhado da mulher, Paula, confidenciou, diligente, a um de seus auxiliares: "Não sinto alegria dentro de mim. Apenas uma ansiedade profunda, como no último 29 de novembro [data do anúncio da partilha da ONU, aceita pelos judeus mas rejeitada pelos países árabes], em que eu mais parecia um lamentador num banquete." Se, para muitos, o dia 14 de maio marcava o fim de um périplo de dois mil anos por um lar nacional, para Ben-Gurion era apenas o começo. E a história não demorou a prová-lo correto.

Os ataques árabes vieram de imediato. Exércitos de cinco países – Líbano, Síria, Egito, Iraque e Transjordânia (a Legião Árabe, treinada pelos britânicos) – acometeram, naquela mesma tarde, o território então dominado pelos judeus em diversos pontos de suas fronteiras. Combates ferrenhos se seguiram nas duas últimas semanas deste mês, com os defensores buscando manter suas posições contra as investidas na maioria das vezes desorganizadas dos vizinhos. A diferença na quantidade e qualidade de armamentos é abismal – o arsenal judeu é escasso e antiquado, por conta da restrição britânica de importação de armas durante o mandato, enquanto o árabe é mais moderno e volumoso, arrematado em boa parte da própria Grã-Bretanha. Ainda assim, os hebreus, com suas forças bem coordenadas, lograram importantes êxitos militares, frustrando a previsão de um acachapante massacre árabe.

domingo, 1 de maio de 2011

Eli, o Sumo Sacerdote


O 10º dia de Iyar é o aniversário da morte de Eli, o Sumo Sacerdote. Trazemos a você a história da sua vida.

Eli era um descendente de Ithamar, o quarto e último filho de Aharon, o Sumo Sacerdote. Ele tornou-se Sumo Sacerdote (Cohen Gadol) após a morte de Pinechás, filho de Elazar, irmão mais velho de Ithamar.

Não sabemos por que Eli ascendeu ao Sumo Sacerdócio, em vez do filho de Pinechás. O último descendente da linhagem de Ithamar a ser Sumo Sacerdote foi Evyathar, neto do neto de Eli, Achituv. Evyathar foi Sumo Sacerdote durante o reinado do Rei David. No entanto, foi banido pelo Rei Shelomô por se aliar a Adoniyah, o meio-irmão mais velho de Shelomô que tentou abocanhar a sucessão ao trono.

O Sumo Sacerdócio então voltou para a linhagem de Elazar ben Aharon, na pessoa de Tzadok, o Sumo Sacerdote, e seus descendentes. Eli foi também o único naqueles dias da história de nosso povo a usar duas coroas, pois era tanto Juiz (Shofet) quanto Sumo Sacerdote. Ele se tornou juiz aos 58 anos, após a morte de Shimshon (Samson) em 2830 (ou 2831), mantendo este cargo durante quarenta anos, até sua trágica morte aos 98 anos.

Naqueles tempos o Mishcan (Santuário) ficava em Shiló, que era o centro da vida religiosa do povo. Ali era a residência de Eli, o Sumo Sacerdote, quarto na cadeia ininterrupta da Lei Oral (Messorá), começando com Moshê Rabenu e continuando com Yehoshua e Pinchas.

Era ali, no Santuário de Shiló, que Hanna, esposa do levita Elkaná, ia rezar por um filho. Ela tinha sido estéril por muitos anos. Prometeu que, se D'us a abençoasse com um filho, ela o consagraria ao serviço de D'us por toda a vida.

Eli expressou a ela seu desejo de que D'us lhe concedesse esta bênção. Dentro de um ano ela deu à luz um filho, a quem chamou Shemuel, e estava destinado a ser um grande profeta, sucessor de Eli como juiz de todo o povo judeu.

A alegria de Hanna não tinha limites. Nos primeiros anos ela o manteve em casa. Depois, fiel à sua promessa, ela o levou a Shiló e o entregou a Eli, para que este o criasse. Sob a orientação de Eli, Shemuel cresceu numa atmosfera completamente religiosa, e logo demonstrou que era um pupilo digno do mestre.

Eli era um homem bom por natureza, e amado por todos que o procuravam em busca de orientação espiritual. O jovem Shemuel era especialmente apegado a ele, seguindo fielmente suas instruções. Eli tinha mais orgulho dele que dos seus próprios dois filhos, Hofni e Pinechas que, infelizmente, não seguiram os passos do pai. Aproveitando-se de sua posição privilegiada, eles degradaram o sacerdócio aos olhos das massas, praticando suborno e corrupção. Eli repreendia os filhos, mas aparentemente isso não bastava. Fosse como fosse, eles não tentavam melhorar.
Certo dia um profeta levou a Eli uma mensagem severa de D'us. Nela, Eli era culpado pela má conduta dos filhos e foi avisado de que os seus dois filhos morreriam no mesmo dia, e o sacerdócio seria transmitido de sua casa para uma outra.

A mesma profecia logo foi repetida na primeira revelação Divina de Shemuel, que ele recebeu quando era ainda muito jovem. Uma noite, quando se deitou para descansar no Tabernáculo em Shiló, Shemuel ouviu uma voz chamando seu nome. Ele levantou-se e correu até o idoso Eli, pensando que este o chamara. Porém Eli lhe disse para voltar, pois não o tinha chamado. Isso se repetiu três vezes, e então Eli percebeu que era um chamado Divino. Disse ao rapaz que quando ouvisse a voz novamente, deveria responder: "Fala, ó Senhor, pois Teu servo está escutando."

A mensagem que Shemuel recebeu era muito triste: "Veja, Eu farei algo em Israel, que os dois ouvidos de todos que o escutarem deverão doer. Naquele dia Eu farei contra Eli as coisas que falei a respeito dessa casa… Eu castigarei esta casa para sempre, pela ofensa que ele sabia que tornaria seus filhos amaldiçoados, mas não os refreou. A iniqüidade da casa de Eli não será purgada com sacrifício nem oferenda para sempre."

Relutante, o jovem profeta relatou a Divina mensagem a Eli, e o velho respondeu humildemente: "É a vontade de D'us; que Ele faça o que Lhe parecer bom."

Shemuel cresceu repleto de fé e de coragem, fortalecido pelo espírito que D'us concedia sobre ele. O povo reconheceu nele um futuro líder. Eli, também, não tinha dúvida de que seus dois filhos não eram dignos de serem seus sucessores para levar adiante a Tradição. Eli já estava idoso e não podia exercer qualquer influência sobre eles. Sabia que seu sucessor como juiz sobre todo o povo seria Shemuel.

Durante algum tempo os judeus viveram em paz e não foram incomodados pelos filisteus no oeste. Mas então ouviu-se rumores de guerra, e novamente contra os filisteus. Em Aphek irrompeu uma batalha, e os judeus tiveram de recuar após perderem quatro mil homens. Agora os anciãos de Israel lembraram que nos dias de Yehoshua, a Arca de D'us tinha sido carregada à frente do exército e isso sempre assegurara o sucesso. Foram então a Shiló e exigiram que a Arca fosse tirada do Tabernáculo e levada a eles. Hofni e Pinechas pessoalmente acompanharam a Arca sagrada até o acampamento. Sua presença restaurou de imediato a coragem dos israelitas. Assim que a viram, eles deram um grito de guerra, tão alto que a terra tremeu.

Porém era a vontade de D'us que os filisteus triunfassem. Eles lutaram com uma coragem desesperada, e os israelitas foram derrotados novamente; desta vez trinta mil soldados foram assassinados e o restante fugiu em debandada. Hofni e Pinechas estavam entre os mortos, e a Arca da Aliança ficou nas mãos do inimigo pagão. A triste profecia sobre a calamidade que estava para se abater sobre a casa de Eli agora se desenrolava em toda a sua tragédia.

Em Shiló, Eli e o povo ali reunido esperavam ansiosos as notícias sobre a batalha. Por fim chegou correndo um enviado da Tribo de Benyamin, com as roupas rasgadas e a cabeça suja de terra. (Segundo nossos Sábios este mensageiro era Shaul, que mais tarde seria rei de Israel.) Eli estava sentado à beira do caminho quando o mensageiro entrou pelos portões da cidade; ele ouviu um clamor. "O que significa este tumulto?" perguntou o ancião, repleto de maus presságios. Sua vista precária não permitiu que visse as roupas do mensageiro e a sua cabeça coberta de terra, que contavam tudo por si mesmas. Ele então aproximou-se e lentamente deu a terrível notícia. "Estou chegando do campo de batalha" – começou ele – e estou fugindo de lá."

Eli, ansioso, interrompeu e perguntou: "O que aconteceu lá, meu filho?"

Então o mensageiro relatou todas as más notícias:

"Nosso povo fugiu dos filisteus, e houve uma grande matança entre o povo, e teus dois filhos, Hofni e Pinechas, estão mortos, e a Arca de D'us foi levada."

Quando Eli soube do destino da Arca, caiu para trás no assento, dominado pela dor, e ali morreu, aos noventa e oito anos, após ter sido juiz durante quarenta anos.

A Arca sagrada permaneceu na posse dos filisteus por sete meses. Durante esse tempo eles tinham sofrido calamidades e infortúnios que os assustaram tanto, que resolveram devolver a Arca aos israelitas. A Arca foi colocada numa carroça nova puxada por duas vacas que jamais tinham sido atreladas antes, e deixaram que fossem por elas mesmas. Os animais seguiram, tomaram a estrada reta até Bet Shemesh, e não se desviaram do caminho. Era época da colheita de trigo, e os colhedores em Bet Shemesh recepcionaram com júbilo a chegada inesperada da Arca Sagrada. De Bet Shemesh a Arca foi mais tarde levada a Kiryath Ye'arim, onde permaneceu até a época do Rei David.

Enquanto isso, o Profeta Shemuel assumiu a liderança do povo judeu. Ele trouxe um grande renascimento espiritual, fazendo anualmente uma ronda partindo de sua casa em Ramá, onde nascera, passando por Bethel, Gilgal e Mitzpá, julgando e instruindo o povo, e restaurando a paz, união e segurança a toda a nação judaica.

Por Nissan Mindel

sábado, 30 de abril de 2011

Yom HaShoah (27 Nisan 5771 / 1 Mayo 2011) יום השואה


Hebreo: יום השואה yom hash-sho’āh), o “Día del recuerdo del Holocausto”; sucede en el día 27 de Nisán del Calendario hebreo. Este día es recordado anualmente como día en memoria de las víctimas del Holocausto, siendo conmemoración oficial en Israel.Originalmente, el día propuesto para esta conmemoración fue el día 15 de Nisán, aniversario de la revuelta del Gueto de Varsovia (19 de abril de 1943), pero esta propuesta fue rechazada por causa de coincidir con el primer día de Pésaj. El día 27 fue escogido por ser ocho días antes de la conmemoración de Yom Ha’atzmaut, Día de la Independencia de Israel. El Yom HaShoah fue establecido en 1959 como ley en Israel y aprobado por David Ben-Gurión y Yitzhak Ben-Zvi.A las 10:00 horas del Yom HaShoah, las sirenas aéreas suenan durante dos minutos. Los vehículos de transporte público paran por este período de tiempo y las personas permanecen en silencio. Durante el Yom HaShoah, establecimentos públicos cierran y todas las banderas quedan a media asta.Recuerda lo que te hizo AmalekIom Hashoá nos trae nuevamente al recuerdo lo que sucedió a nuestro pueblo hace apenas unas décadas, en nuestro propio siglo, cuando se encuentran entre nosotros algunos de los testigos oculares que presenciaron el terror y el espanto de lo peor que puede imaginar la mente humana. Aun el mero hecho de mirar las imágenes de las fotografías del holocausto nos hace estremecer, con lo cual uno apenas puede llegar a concebir los sentimientos de quienes les tocó vivir bajo aquellas terribles circunstancias.Tanto ya se dijo, tanto ya se escribió. Muchos son los que quieren transmitir su dolor a la próxima generación para que lo ocurrido no pase al olvido colectivo como han sucedido con tantas otras masacres de la historia judía. Al mismo tiempo, uno no quiere y quizás no deba ser reiterativo en cosas que pueden crear una visión triste de la existencia judía. Esta visión puede tener el efecto contrario al deseado y puede llegar a crear desesperanza y desesperación en los corazones de los judíos. Sin embargo, tenemos la obligación de enmarcar a tan terrible acontecimiento dentro de las reglas de nuestra Emuná para que tampoco quede una percepción errónea a partir de la interpretación de lo sucedido.Creo oportuno formularnos una pregunta: ¿Cuándo comenzó el holocausto? ¿Fue con el comienzo de la guerra? ¿O fue antes, con la asunción de Hitler? ¿O fue, desde que Julius Streicher publicó el diario "Der Stuermer"? Y... ¿Cuándo terminó (si es que terminó)? ¿Cuándo se acabó la guerra? ¿Cuándo se juzgó a los nazis en Nuremberg? ¿O con el juicio de Eichman?Por un lado, podemos decir que las tristes y amargas secuelas del holocausto se sienten hasta el día de hoy en los sobrevivientes, como también la vida de sus hijos y nietos.Pero, por otro lado, y este es la ramificación más grave, las consecuencias y los efectos de la lucha representada por los nazis sin duda que no se ha acabado. Si, lamentablemente, hemos perdido 6.000.000 de almas judías durante el holocausto, desde entonces, hemos perdido (o estamos en el proceso de perder) muchas almas más por la ignorancia del judaísmo y por la consecuente influencia del entorno sobre los judíos que quedaron.Lo que debemos transmitir entonces, es cuál fue la intención verdadera de Hitler, si es que no le queremos ayudar en su intento luego de su muerte.Para ello, quizás leamos el título de este artículo. Amalek. ¿Quién fue y por qué la Torá nos ordena recordar lo que nos hizo al salir de Egipto? ¿Acaso no hubo otros antisemitas y persecutores en nuestra larga historia? ¿Por qué D"s mismo le declara la guerra a Amalek "de generación en generación"?Leamos un poco más acerca del contexto en que ocurrió la batalla con Amalek. Amalek no era vecino de la ruta por la cual atravesaba Israel en su salida de Egipto. Amalek vino desde otro lugar para guerrear contra Israel. ¿Por qué? ¿Acaso se sentía afectado o en riesgo? No. A Amalek le molestaba lo que representaba Israel. El coraje que había demostrado los días previos a la salida de Egipto al traer el Korbán Pesaj públicamente y la protección que recibieron por parte de D"s. Amalek estaba molesto que Israel entrara a las pocas semanas en su convenio con D"s al declarar ante el Monte Sinaí su predisposición a aceptar incondicionalmente toda la Torá. Todo esto iba en contra de la tradición de Amalek, para quien este mundo sería regido siempre por la ley del más fuerte y que las especies de subhumanos o más débiles desaparecerían como en su teoría ocurría en el resto del mundo animal por selección natural. ¿Acaso no lo había bendecido el abuelo que "al jarbejá tijié - que se regiría por la espada"?En este sentido, no estaríamos muy errados en afirmar que Hitler no odiaba únicamente a los judíos sino, aun más, a lo que ellos representan: el judaísmo en si. Su intención no fue matar a 6.000.000 de judíos, sino erradicar y eliminar totalmente la noción del judaísmo del curso de la historia. A tal fin, estuvo organizando en Praga, un museo en el cual se expondrían para las futuras generaciones lo que habían sido los judíos una vez que éstos dejaran de existir. Hitler no podía aceptar las leyes de la conciencia que se expresan en la Torá y del desenlace histórico en el que los judíos manifestamos con certeza que al final prevalecerá la bondad en el mundo por encima de la fuerza. La batalla en contra de los judíos fue una guerra psicológica para hacerles perder sus rasgos humanos en medio de situaciones en las cuales era muy difícil mantener dignidad por el hambre, el miedo, la incertidumbre, etc. Hitler logró matar a muchos judíos, pero no consiguió destruir el espíritu de ellos. Prueba de ello, es que tantos volvieron a reconstruir sus vidas personales y sus comunidades allí adonde la Providencia los condujo.D"s le declara la guerra a Amalek, porque su intención era romper el vínculo de Israel con D"s y, por consiguiente, demorar el reconocimiento universal de la ley Di-vina en el mundo. "Asher korjá baderej- intentó enfriarte en el rumbo", quería evitar que prevaleciera la ética de la Torá. Las teorías de Amalek con las enseñanzas de la Torá son mutuamente excluyentes.¿Cuándo comenzó el holocausto? Muchos años antes de Hitler. ¿Cuándo terminó? Quién sabe si realmente terminó. Cada judío que no se avergüenza al declarar su origen y mantiene la ley de la Torá abiertamente, está ayudando a combatir a Amalek. A su vez, en el rezo del "Alenu" con el cual culminamos las plegarias de la mañana, tarde y noche, rogamos a D"s que se acerque el día en que toda la humanidad se someta a la Autoridad Di-vina.El R. Mijael Ber Weismamdel sz"l, perdió a toda su familia, incluyendo a todos sus hijos, en Auschwitz. Luego de la guerra, se estableció en EE.UU., fundó una nueva Ieshivá en Mount Kisko y volvió a formar una familia. En el Brit Milá de su quinto hijo, expresó lo siguiente ante los presentes: "Ustedes saben que yo tuve ya cinco hijos previamente y que todos murieron ´Al Kidush HaShem´ (santificando el Nombre Di-vino). Mi deseo es, como decimos en la Kedushá diaria: ´Nekadesh et Shimjá baOlam´ que santifiquemos nosotros, los que afortunadamente estamos vivos, los sobrevivientes - Tu Sagrado Nombre, en este mundo en que nos toca vivir, ´keshem shemakdishim otó bishmé marom´ tal como lo santifican aquellos que debieron dar sus vidas ´al kidush haShem´. Que nuestras acciones sean dignas de ser consideradas una santificación del nombre de D"s".La batalla en contra de Amalek no se acabó. Desde nuestro lado, no se trata de una contienda violenta, sino de una resistencia pacífica en la cual insistimos en sumarnos a nuestros antepasados a quienes ninguna adversidad les impidió mostrarse como judíos. Este es el mayor homenaje a las víctimas del holocausto. Amalek, algún día, esperemos pronto, caerá.
Los textos fueron escritos por el Rab Daniel Oppenheimer

sábado, 26 de março de 2011

BRASILEIROS NO FRONT


Ferido em Monte Castelo - FEB
Soldado Vessio Manelli - da 3ª Cia do 1º RI , natural de Sorocaba - São Paulo.
"Fui ferido no primeiro ataque ao Monte Castello, no dia 29 de novembro de 1944. À uma hora da madrugada entramos em posição de base do morro. Recebi ordem para cavar, onde passei a noite. À medida que cavava, o chão ia juntando água, de modo que dormi as poucas horas dentro d'água, enrolado na manta.
Ao raiar do dia foi servida uma ração K e ás sete horas da manhã recebemos ordem de avançar pelas encostas do morro, em terreno descoberto. Choviam granadas e projéteis por todos os lados. Fui ferido logo no começo, primeiro nas costas, quando tentava cavar um abrigo. Foi quando uma rajada de metralhadora me atingiu de novo, dois projeteis, um na coxa outro no flanco, perfurando-me o abdômen.
Não podendo mais me locomover, virei-me para o lado dos alemães e fiquei protegendo a cabeça com o capacete de aço. Recebi outra bala bem no meio do tórax, que moeu minha placa de identidade. Fiquei ali ao alcance do tiros do inimigos durante todo dia. Ao escurecer cessou o fogo e um padioleiro veio a meu socorro e me fez um curativo.
Só ás onze da noite é que veio uma equipe de padioleiros para me transportar para as posições da Cia e dali em um JEEP para o posto de socorro do batalhão.
Colocaram um aparelho de ferro na coxa esquerda e me levaram para o hospital de Valdibura, depois Pistóia, Livorno e Estados Unidos, onde passei um mês e meio em New Orleans e Charleston. Vim então para Recife e daí para o Rio de Janeiro. Fui operado cinco vezes e meu corpo está cheio de cicatrizes".
Soldado Temer - do III Grupo de Artilharia, natural do Estado de São Paulo."

Em 5-3-1945, no ataque daqule dia, do 6º RI, contra as posições de Soprasso e Castelnuovo, o Soldado Temer fazia parte, como telefonista, da turma de ligação junto ao 1º Batalhão desse Regimento. Caíam sobre o terreno, sem cessar, bombardeios de artilharia e morteiros. Em dado momento arrebentou-se a linha telefônica da turma. Sem perda de tempo, o soldado Temer saiu para repará-la. Em caminho, junto ao encosta ao Soprasso, ouviu vozes em língua estranha para ele. Cautelosamente aproximou-se do abrigo donde partiam os rumores, cerca de quinze metros à sua frente. Aproximou-se mais, e a dois metros dirigiu-se aos desconhecidos em italiano, que respondeu-lhe apenas com um gemido. Prevendo arma engatilhada, chegou mais perto ainda e viu que eram dois alemães os estranhos ocupantes deste abrigo. Um tentou reagir, mas a ação rápida do soldado Temer anulou qualquer reação do inimigo. Aprisionou-os e os entregou a um oficial de infantaria. Em seguida retornou ao local onde se dera o arrebentamento da linha e tranqüilamente passou a repará-la.

Três Herois Brasileiros

Na Itália, os pracinhas confirmaram a bravura brasileira, lutando, vencendo e até mesmo deixando ali muitas vidas, como sacrifício e prol da liberdade.Dentre os muitos feitos de heroísmo, enfatiza-se a atitude e coragem e abnegação à própria vida de três pracinhas brasileiros, nascidos em Minas Gerais. São eles, Arlindo Lúcio da Silva, Geraldo Baeta da Cruz e Geraldo Rodrigues de Souza.

No ataque a Montese seu pelotão foi detido por intensa barragem de morteiros inimigos, enquanto uma metralhadora hostilizava o seu flanco esquerdo, obrigando os atacantes a se manterem no colados ao solo. O soldado Arlindo , atirador de F.A ., localiza a resistência e junto com os companheiros Geraldo Baeta da Cruz e Geraldo Rodrigues de Souza despejam sobre o posição inimiga os carregadores de suas armas, fazendo a metralhadora alemã calar-se, nessa ocasião são mortos por outros soldados alemães.

Os alemães que tanta dureza e crueldade demostraram durante a guerra, reconheceram naquele trio indômito tamanha valentia e insistente vontade em derrotar o inimigo, que lhes deram uma sepultura rasa , encimada por uma tabuleta com o seguintes dizeres: DREI BRASILIANISHE HELDEN; em Português : TRÊS HEROIS BRASILEIROS.



"Avancem camaradas"

"Soldado JOÃO PEÇANHA DE CARVALHO - 1º RI, natural de Minas Gerais.Em 12/12/1944:

A citação do Soldado Peçanha tem, no aspecto, duplo valor; estimulo e consagração . Era um soldado apenas, mas brasileiro acima de tudo: tinha o pensamento menos voltado para si do que para a glória de sua terra. A doze de dezembro ultimo, atingido mortalmente por bala inimiga, expirava nos braços de seu comandante, gritando ainda a seus companheiros vizinhos: " AVACEM CAMARADAS" . Era um herói. É um exemplo notável. Reverenciemos o soldado Peçanha e respeitemos sua memória" .


" Homem de meu grupo não fica ferido, esperando socorro!"

Terceiro Sargento JOSÉ CARLOS DA SILVA - 1º RI, natural de Minas Gerais.
Em 12/12/1944:

Seu pelotão, por ordem superior, se retraia no ataque realizado contra as posições inimigas em Monte Castelo, em 12/12/1944. O Sgt. JOSÉ CARLOS, voltou a posição que havia antes conquistado, para resgatar um companheiro que lá jazia ferido, dizendo: " Homem de meu grupo não fica ferido, esperando socorro!" neste mesmo instante foi ferido mortalmente atingido por bala inimiga, ficando ali seu cadáver por dois dias. É um exemplo que, pela sua pureza, pela sua própria elevação, dispensa comentário".


Liderança do Cap. Bueno

Capitão João Tarcisio Bueno - do 11º RI, natural do Mato Grosso:

No ataque a Monte Castelo, em doze de dezembro ultimo, o Cap. Bueno comandava a 1ª Cia. do 11º RI. Inicialmente marchava em seu lugar próprio, à frente do segundo escalão. Quando se juntaram fogos inimigos sobre a sua Cia. esta entrou numa fase critica. Sem perda de tempo Cap. Bueno tomou a decisão de passar à frente e pessoalmente impulsionar sua tropa, transmitindo-lhe um reflexo novo de entusiasmo. Ao atingir seu objetivo, agora combatendo com granadas de mão, foi gravemente ferido, tão perto das linhas inimigas que permaneceu no local por mais de vinte e quatro horas. O Capitão João Tarcisio Bueno é um raros exemplos de coragem, dignidade, compreensão exata do papel de chefe, tenacidade, todas essas qualidades que fortalecem o ânimo da tropa brasileira e a torna capaz de ações de relevo".


Patrulha do Sargento Onofre

Foi esta uma das primeiras patrulhas lançadas pela 1ª DIE depois de seu deslocamento para o vale do Rio Reno. Embora não esteja compreendida dentro do período que examinamos, decidimos relatá-la, tal é a beleza da cena e a riqueza dos ensinamentos. Comandou-a o 3º Sargento Onofre Ribeiro de Aguiar, da 5ª Cia do 6º RI, que nessa época ocupava posições na região de Torrre di Nerone. Era ele homem disposto e corajoso, consagrado como herói, mercê das suas façanhas anteriores, porém pouco instruído. Seu fuzileiro atirador, soldado Marcílio, era, entretanto, muito inteligente, e também corajoso como ele. Os demais não desmereciam os primeiros, formando um conjunto harmonioso e eficiente. Por volta das dez horas da manhã de 8 de novembro, partiu a patrulha para o objetivo, tendo à testa , o Sargento Onofre. Depois de algum tempo de progressão pela frente da 6ª Cia, deparou-se com uma resistência inimiga, situada a 500m a NE de Torre de Nerone. Tal foi a maneira sutil e habilidosa como progrediu , que não se deixou perceber nem pelos alemães, nem pelas próprias subunidades que se encontravam em posição na região. Ao aproximar-se da referida resistência, o próprio Sargento Onofre verificou que, no seu interior, havia dois homens juntos a uma metralhadora. Sem vacilações, determinou que o atirador ocupasse posições a fim de apoiá-los, enquanto ele, pessoalmente, acompanhado de alguns patrulheiros, iria aprisionar a guarnição alemã com suas armas e bagagens. Ato contínuo, avançaram sorrateiramente ao encontro do inimigo, apanhando de surpresa os dois contemplativos alemães. Ao retraírem-se com os dois prisioneiros, o inimigo, alertado, procurou detê-los. Todavia, o fuzileiro atirador, atento, respondeu prontamente ao fogo contrário, frustrando-lhe a tentativa. Surpresos com a troca de tiros à frente da posição, os observatórios da artilharia e dos morteiros, inclusive o de um Grupo de Artilharia inglês, instalado nas imediações, fizeram desencadear os seus fogos em apoio à patrulha.

“A CADELA DE BERSEN”

Irma Grese (Wrechen, 7 de outubro de 1923 — Hameln, 13 de dezembro de 1945) foi uma supervisora de prisioneiros nos campos de concentração de Auschwitz-Birkenau, Bergen-Belsen e Ravensbruck, durante a Segunda Guerra Mundial. Apelidada de "A Cadela de Belsen" pelos prisioneiros deste campo por seu comportamento sádico e perverso, foi uma das mais cruéis e notórias criminosas de guerra nazistas, executada na forca pelos Aliados ao fim do conflito.

Filha de um leiteiro filiado ao Partido dos Trabalhadores Alemães Nacional-Socialistas e de u'a mãe suicida, Irma deixou a escola aos quinze anos de idade, devido ao pouco empenho aos estudos e a seus interesses fanáticos em participar da Bund Deutscher Mädel (Liga da Juventude Feminina Alemã), que seu pai não aprovava. Entre outras atividades, trabalhou dois anos num sanatório da SS e tentou, sem sucesso, se formar como enfermeira.


Irma foi um dos principais réus no julgamento de criminosos de guerra de Belsen, realizado entre setembro e dezembro de 1945. Sobreviventes dos campos testemunharam contra ela, acusando-a de assassinatos e torturas. Sempre usando pesadas botas, chicote e um coldre com pistola, entre outros atos Irma era conhecida por jogar cachorros em cima dos presos para devorá-los, assassinar internos a tiros a sangue frio, torturas em crianças, abusos sexuais e surras sádicas com chicote até a morte. Em seu alojamento após a captura do campo, foram encontrados abajures com as cúpulas feitas de pele humana, de tres prisioneiros judeus assassinados e escalpelados por ela.

Condenada à forca - aos 22 anos a mais jovem condenada à morte sob leis britânicas no século XX - foi executada na prisão de Hameln, Alemanha, em 13 de dezembro de 1945 e suas últimas palavras ao carrasco foram: "Schnell!" (Rápido!).
Irma Grese na Prisão de Celle

A Sentença

No 54º dia do julgamento foi pronunciada a sentença do tribunal. Os acusados tiveram que ficar em grupos nos degraus da segunda e terceira bancada. Irma Grese foi conduzida junto a Elisabeth Volkenrath e Johanna Bormann. Elas foram consideradas culpada em ambas as cortes. Dos acusados, foram declarados culpados 8 dos homens e 3 mulheres, sentenciados a morte e outros 19 a vários termos de encarceramento. Foram passadas penas de morte para oito dos homens, que receberam a seguinte sentença:

O PRESIDENTE - "Nº. 1 Kramer, 2 Klein, 3 Weingartner, 5 Hoessler, 16 Francioh, 22 Pichen, 25 Stofel, 27 Dorr. As sentenças deste Tribunal para cada um de vocês de quem eu nomeei há pouco é que vocês sofrerão morte por enforcamento."

Semelhantemente três mulheres receberam a penalidade máxima, com a seguinte sentença:

O PRESIDENTE - "Nº 6 Bormann, 7 Volkenrath, 9 Grese. A sentença deste tribunal é que vocês sofrerão morte por enforcamento."

Elizabeth Völkenrath, em lágrimas, olhava longinguamente para o alto, com a respiração pesada; Johanna Bormann mergulhou em sí mesma; mas Irma Grese permanceu com o rosto invariável e principiou ir embora. Mulheres da polícia militar conduziram as três mulheres para fora." Ela mostrou pouca emoção do início ao fim quando a sentença de morte foi traduzida para o alemão como “Tode durch den Strang, literalmente, morte pela corda.

Quanto à “cadela de Bersen”, suas últimas palavras foram: "Schnell!" (Rápido!).




Muitos dos sobreviventes de Bergen Belsen testemunharam contra Irma, que rejeitou a culpa contra várias acusações. Eles forneceram extensos detalhes de assassinatos, torturas, crueldades e excessos sexuais empregados por Irma Grese durante seus anos em Auschwitz e Bergen-Belsen. Sobreviventes de Auschwitz testemunharam que ela usava habitualmente botas, carregava um chicote e uma pistola e que estava sempre acompanhada por um cão feroz. Declararam que seus atos eram de puro sadismo e que tinha satisfação sexual com atos de crueldade, batendo em prisioneiras com seu chicote de equitação e usando prisioneiros para satisfazer suas inclinações bissexuais sádicas. Apesar de tais afirmações, sobre seus "excessos sexuais", publicadas em livros, posteriores a guerra, tais fatos nunca foram realmente comprovados, pois eram declarações isoladas, relatadas principalmente por Olga Lengyel e Gisela Perl, e não de conhecimento geral. Falou-se que ela usava métodos físicos e emocionais para torturar os internos dos campos e que batia em prisioneiras até a morte e atirava em outras a sangue frio. Afirmou-se que tinha sido encontrado em sua barraca, em Birkenau, um abajour, que ela mandou fazer, com a pele de três prisioneiras, porém, tal abajour nunca foi visto ou foi encontrado qualquer vestígio de sua existência. As acusações de assassinato foram feitas em depoimentos juramentados, mas nenhuma delas foram confirmadas, pois não foram citados nomes das vítimas. As mais sérias acusações contra ela eram de que ela estava presente quando os prisioneiros eram selecionados para a câmara de gás, em Birkenau, e que ela tinha participado em forçar as mulheres a fazer fila para a inspeção do Dr. Mengele. Ela admitiu em seu julgamento chicotear prisioneiros e também bater com uma vara, apesar de saber que ambas as práticas eram contrárias as regras do campo. Negou que tivesse um cão, que tivesse espancado até a morte ou atirado em algum prisioneiro. Negou ter selecionado prisioneiros para as câmaras de gás, embora estivesse presente na formação das filas e, fato importante, é que somente os médicos tinham autoridade de fazerem seleções. Muitas das acusações, tanto durante o julgamento, através de depoimentos juramentados, ou, até mesmo publicados depois da guerra, nunca foram realmente comprovados e, desta forma criou-se um mito de beleza e crueldade, hoje conhecida como a "Bela Besta". Entretando, questionada, durante o julgamento, se era culpada ou não, disse: “ Sem culpa."

Irma Grese e Josef Kramer

sexta-feira, 25 de março de 2011

POR QUE SOU JUDEU?

Por que sou Judeu?

Não é por acreditar que o judaísmo contenha tudo o que existe na história humana. Judeus não escreveram os sonetos de Shakespeare ou os quartetos de Beethoven. Não presenteamos o mundo com a serena beleza de um jardim japonês ou com a arquitetura da Grécia antiga. Admiro as tradições que lhes deram origem. Aval zé he-lanu. Mas isto é nosso.

Não sou judeu em razão do anti-semitismo ou para evitar dar a Hitler uma vitória póstuma. O que me acontece não define quem sou: O nosso é um povo da fé, não do destino.

Não sou judeu por pensar que somos melhores, mais inteligentes, virtuosos, criativos, generosos e bem sucedidos que os outros. A diferença não está nos judeus, mas, sim, no judaísmo; não no que somos, mas no que somos convocados a ser.

Sou judeu porque filho do meu povo ouvi o chamado para adicionar meu capitulo a esta história não finalizada. Eu sou uma etapa nesta jornada, um elo de ligação entre as gerações. Os sonhos dos meus ancestrais vivem em mim e sou guardião de sua confiança, agora e no futuro.

Sou judeu porque nossos ancestrais foram os primeiros a ver que o mundo tem um propósito moral, que a realidade não é uma guerra incessante entre os elementos para que sejam idolatrados como deuses, e nem que a história é uma batalha na qual o mais forte tem sempre razão e que o poder deve ser satisfeito.

A tradição judaica moldou a moral de civilização ocidental, ensinando pela primeira vez que a vida humana é sagrada, que um ser humano nunca pode ser sacrificado em nome das massas e que, ricos e pobres, grandes e pequenos, todos são iguais perante D-us.

Sou judeu porque sou herdeiro moral daqueles que estiveram presentes ao pé do Monte Sinai e se comprometeram a viver segundo estas verdades, tornando-se um reino de sacerdotes e uma nação sagrada.

Sou o descendente de incontáveis gerações de ancestrais que, embora dolorosamente testados e submetidos a amarga provações, permaneceram fiéis aquele pacto quando podiam tão facilmente ter desertado.

Sou judeu em virtude do Shabat, a maior instituição religiosa do mundo, um tempo no qual não há manipulação da natureza ou de nossos companheiros humanos, onde nos reunimos em liberdade e igualdade para criar, a cada semana, uma antecipação da era messiânica.

Sou judeu porque nossa nação, mesmo em tempos de imensa pobreza, nunca desistiu de seu compromisso de ajudar necessitados, de resgatar judeus de outras terras ou de lutar por justiça em prol do oprimido, fazendo estas coisas sem esperar congratulações, mas porque são mitzvot, porque um judeu não poderia fazer menos.

Sou judeu porque amo a Torá, e sei que D-us é encontrado não nas forças da natureza, mas nos significados morais, nas palavras, textos, ensinamentos e mandamentos, e porque os judeus, mesmo quando tudo o mais lhe faltou, jamais deixou de valorizar a educação como tarefa sagrada, dotando os indivíduos de dignidade e profundidade.

Sou judeu em razão da fé apaixonada que o nosso povo nutre pela liberdade, sustentando que cada um de nós é agente moral e que nisto repousa nossa dignidade única enquanto seres humanos e, também, porque o judaísmo nunca permitiu que seus ideais se tornassem inatingíveis, mas em vez disso, traduziu-os em atos que chamamos de mitzvot, e em um caminho ao qual chamamos Halachá, trazendo assim o céu à terra.

Eu simplesmente tenho orgulho de ser judeu.

Tenho orgulho de ser parte de um povo que, apesar dos traumas e cicatrizes, nunca perdeu seu humor ou sua fé, sua habilidade de rir dos problemas à sua frente e ainda acreditar na redenção final; um povo que viu a história humana como uma jornada e nunca deixou de prosseguir e procurar.

Tenho orgulho de ser parte de uma era em que meu povo, devastado pelo mais hediondo crime já cometido contra um povo, respondeu revivendo sua terra, re-cobrando sua soberania, resgatando judeus ameaçados em todo o mundo, reconstruindo Jerusalém e provando-se tão corajoso na busca pela paz como na defesa em tempos de guerra.

Eu me orgulho do fato de nossos ancestrais sempre terem se recusado a aceitar acomodações prematuras e de que, quando perguntados se "O Messias já chegou?" sempre responderam "Ainda não".

Tenho orgulho de pertencer a Israel cujo povo significa "aquele que enfrenta a D-us e ao homem e prevalece". Porque, apesar de amarmos a humanidade, nunca cessamos de lutar com ela, desafiando os ídolos de todas as eras. E apesar de nosso amor eterno por D-us, nunca deixamos de questioná- Lo - e nem ELE a nós.

* Texto extraído do livro  "Uma Letra da Torá  do Rabino Jonathan Sacks. Reproduzido aqui com autorização do representante do autor.