quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

SABEDORIA JUDAICA


Caminhava com meu pai quando ele se deteve em uma curva e, após um pequeno silêncio, perguntou-me:

– Além do cantar dos pássaros, escutas mais alguma coisa?

Agucei meus ouvidos e, alguns segundos depois, eu lhe respondi:

– Estou escutando o ruído de uma carreta.

É Isso, disse meu pai. É uma carreta vazia.

Perguntei a meu pai:

– Como sabes que é uma carreta vazia, se ainda não a vemos?

Então meu pai respondeu:

– É muito fácil saber quando uma carreta está vazia, por causa do ruído. Quanto
mais esvazia a carreta, maior é o ruído que ela faz.

Tornei-me adulto e até hoje quando vejo uma pessoa falando demasiadamente, interrompendo a conversa de todos, sendo inoportuna ou violenta, presumindo o que tem, sendo prepotente e diminuindo as outras pessoas, tenho a impressão de escutar a voz de meu pai dizendo: "Quanto mais esvazia a carreta, maior é o ruído que ela faz".

domingo, 19 de dezembro de 2010

Judeu – filho da mãe?


Somos todos filhos de D-us
Um dia, no Éden, Eva diz a D-us: Estou com um problema! — Qual é o problema, Eva? —D-us, Você me Criou, me Colocou neste lindo jardim, com animais maravilhosos e uma serpente hilariante, mas não estou muito contente. — Por que? — D-us, estou só. — Bem, neste caso, Tenho uma solução. Criarei um homem para você. — O que é um homem? — É uma criatura com características ruins: vai mentir, se vangloriar; mas o Criarei para satisfazer suas necessidades. Não será muito inteligente assim ele também precisará do seu conselho para pensar bem. — Qual é o truque? Eva pergunta desconfiada. — Bem, tem uma condição. — Qual é? — Como Eu Disse, ele será orgulhoso e narcisista. Assim você vai ter que deixar ele acreditar que Eu o Fiz primeiro. É nosso pequeno segredo... Você sabe, de mulher para mulher.
Provocações à parte, D-us é “Pãe”, pai e mãe. Como o judaísmo não é antropomórfico, D-us não é homem nem mulher, mas abrange o “masculino” E o atributo feminino Shekhiná, Divina Presença.

Matrilinearidade
A maioria das sociedades antigas, orientais e as chamadas primitivas eram (e são) matrilineares e matriarcais; isto é, a linhagem, descendência é definida pela mãe e as mulheres têm o papel central na organização e controle (autoridade) de seus grupos, tribos ou nações.

Sempre digo que o judaísmo é biblicamente definido como patriarcal E matriarcal (3 patriarcas: Abrão, Isac e Jacó e 4 matriarcas: Sara, Rebeca, Lea e Rachel); estas com maioria absoluta (4X3) e relativa, desde Gênesis 21:12: “D-us diz a Abraão: tudo o que Sara te disser, escuta a voz dela!”

A concepção errônea do machismo ocidental como herança “judaico-cristã” deriva ipso facto da sociedade greco-romana: gregos, cuja filosofia não conferia sequer uma “alma” à mulher e dava direitos senhoriais aos maridos, tendo melhorado um pouco entre romanos, com o casamento em conjugium (jugo mútuo), todavia oposta à concepção judaica da mulher e do casamento.

Isto sem mencionar o papel especial da Ídishe Mame (mãe judia) que concede, após milênios de aculturação, a última palavra ao marido: Sim, querida!

E o filho da mãe?
No judaísmo esta expressão não tem caráter pejorativo nem agressivo. Judeu é definido como “filho de mãe judia (ou conversa) ou convertido ao judaísmo”.

Muitos, por questões pessoais ou sexistas, alegam que esta definição é “ginecológica”, deriva de halakhot (encaminhamentos legais, jurisprudências) medievais e contradiz a linhagem (Cohen, Levi, Israel), determinada pelo pai, que tem caráter simbólico litúrgico (embora cerimônias, por exemplo, o Pidion há-ben, resgate do primogênito, dependa da mãe ser Levita); além, claro, da argumentação “feminista” que hoje homens e mulheres desempenham os mesmos papéis sociais, etc., que demonstra um desconhecimento que no judaísmo isto é fato e princípio essencial, desde os primórdios. O “argumento de bolso inquestionável” de alguns é que a matrilinearidade não está definida na Torá. Sorry, periferia, mas está na Torá e no Talmud! Comecemos com a Halakhah.

Uma Halakhah medieval
Em 1319, aldeias de judeus foram atacadas e houve muitos estupros. Os rabinos exararam uma Halakhah para não prejudicar a vida judaica dos filhos nascidos do estupro de uma judia, para que não fossem execrados pela comunidade e sim, tratados com todos os seus direitos. Sob essa ótica, a lei mostra-se incrivelmente humana, pois em outras culturas, mãe com filho de estupro seria certamente expulsa do convívio social. Observando-a em seu contexto, ela visava a preservar as pessoas e estabilizar uma situação terrível (como outras posteriores, semelhantes).
Para quem duvida: está na Torá!

A fonte básica da Torá sobre matrilinearidade judaica está em Deuteronômio 7:3,4: D-us ordena que, em Canaã, os homens não deverão se casar com mulheres gentias, de outros povos, para que seus filhos não se desviem, saindo do judaísmo; que o filho de moça israelita com gentio é judeu; já filho de judeu com gentia, não o é; o texto diz que será filho “dela”, isto é, não judeu. Adicionalmente, Levítico 24:10 cita explicitamente o caso do filho de uma israelita com um egípcio como membro da comunidade israelita, isto é, judeu. Outra menção, já no Tanakh, em Esdras 10: 2-3, mais dura, mas sem dar margem a dúvidas, relata que os judeus que retornaram a Israel do exílio da Babilônia tiveram que abandonar suas esposas não-judias e seus filhos com elas.

Referências Helenistas
Flávio Josefo chega a se referir a filho de casamentos entre judeus e gentias como “meio-judeu” . Já Filon de Alexandria chama filho de judeu com não-judeu de “nothos” (bastardo), independente do ser o gentio o pai ou a mãe .
Não satisfeito? Veja no Talmud

O texto da Mishnah, tratado Kidushin 3:12, diz que o filho de mãe gentia é como ela, ou seja, não judeu. O Talmud (Kidushin 68b) questiona como saber se esta lei se aplica a qualquer não-judeu, já que o versículo da Torá se refere a povos canaanitas e responde, com base no próprio verso: “ele desviará teu filho de Mim (D-us)”, implicando que todos os que o fizerem estão incluídos.

Respostas atuais
O judaísmo reformista norte-americano adotou a política bilinear em 1983: é judeu se pai ou mãe for judeu, provando que foi criado como judeu e está engajado em ato público de identificação. Algumas congregações apresentam mais requerimentos formais, especialmente se o indivíduo foi criado como cristão. Outros movimentos dentro da União Mundial pelo Judaísmo Progressista adotam essencialmente a mesma posição, como o judaísmo liberal na Inglaterra; judaísmo progressista reconstrucionista nos EUA, Canadá, etc; judaísmo progressista na Austrália; uma congregação na Áustria e algumas na Europa Ocidental. Convém observar que o judaísmo reformista, no Canadá e na Inglaterra, adota uma posição diferente, mais próxima da Ortodoxia.

Ciência: novas questões
Um religioso observa as mitzvot per se, mesmo o judaísmo não sendo dogmático, o que não o impede de pesquisar e se desenvolver cientificamente – muito pelo contrário. Para ilustrar, cito, como homenagem, um ilustre filho de Israel em seu centenário, Albert Einstein: “A religião sem ciência é cega; a ciência sem religião é coxa”. Uma das belezas do judaísmo é a capacidade de responder com leis milenares a questões novas, resultantes do avanço do tempo e da tecnologia.
Assim, para concluir, inovações bastante atuais referem-se à maternidade: a inseminação artificial e a clonagem. Sem entrar em polêmicas éticas, juridicamente temos uma resposta milenar que, paradoxalmente, é a definição ortodoxa! Hipoteticamente um ser humano poderá ser gerado em laboratório, necessitando apenas da mãe... Sou totalmente a favor do método natural mais tradicional (no mínimo, o mais divertido), tendo sido uma estéril agraciada com o milagre de um filho e acho que crianças devem ter pai e mãe educando. Já me antecipando a perguntas ou pedradas, amparo-me na Mishnah: Honra como pai (genitor) aquele que te criou!

Por: Jane Bichmacher de Glasman

Notas
1 - Antigüidades Judaicas 16:225;18:109, 139, 141; 14: 8-10, 121,403.
2 - Sobre a vida de Moisés 2. 36, 193, 1. 27. 147; Sobre as virtudes 40. 224.

Casal de neo-nazistas descobre que é judeu

O polonês Pawel entrou para o movimento neo-nazista quando adolescente, levando sua namorada Ola com ele. O casal se conheceu na escola, com apenas 12 anos e desde então ficaram juntos. Depois de casados, descobriram suas verdadeiras raízes judaicas.

Pouco depois de se casarem, aos 18 anos, Ola foi surpreendida por uma lembrança vaga de sua mãe comentando sobre raízes judaicas na família.

Ola então pesquisou suas origens junto ao Instituto Histórico Judaico, que diz documentar 10 séculos de experiência judaica na Polônia.

Foi aí que ela decidiu procurar a procedência da família de Pawel e descobriu que também ele era judeu.

"Alguma coisa falou dentro de mim... Foi inacreditável - no fim das contas ele também tinha raízes judaicas. Foi um choque. Eu não esperava descobrir que tinha um marido judeu", disse Ola em um documentário da CNN.

"Eu não sabia como contar a ele. Eu o amava mesmo se ele fosse um punk ou um skinhead, se ele batesse nos outros ou não. Era uma época na Polônia que o movimento era muito intenso", contou Ola sobre a descoberta.

Ela levou documentos para contas a notícia a seu marido, que correu imediatamente para tirar as dúvidas com seus pais. Só então eles contaram a verdade. Como muitas outras famílias, eles esconderam suas origens religiosas para escapar da perseguição durante a Segunda Guerra Mundial.
"Eu era 100% nacionalista. Naquela época quando éramos skinheads o movimento era apenas de white powers (supremacistas brancos) e eu acreditava que a Polônia era apenas para os poloneses. Acreditava que os judeus eram a pior praga e o maior mal do mundo. Na Polônia nós achávamos que qualquer coisa de mal era culpa dos judeus...", contou Pawel. Ele não sabia o que falar para os antigos amigos, não sabia se admitia ou se continuava vivendo uma mentira.

Hoje com 33 anos, Pawel e Ola são membros ativos na comunidade judaica de Varsóvia. Ola trabalha na cozinha de uma sinagoga ortodoxa e Pawel está estudando para se tornar um açougueiro kosher, uma forma tradicional de abater animais para o consumo.

via CNN

domingo, 12 de dezembro de 2010

Parashá de Shabat - 11 de dezembro de 2010


Vayigash
Quando Tsafnat Paneah (o nome egípcio de Yossef) – o segundo na cadeia de comando do Egito – (antes de revelar que ele era, na verdade, seu irmão Yossef), informou aos 10 irmãos que iria manter Biniamin como escravo por ter roubado sua taça de prata, a Torá nos relata: “E Yehuda se aproximou (de Yossef) e disse: ‘Por favor, meu mestre, permita que seu servo fale aos ouvidos do meu mestre. E não fique zangado com seu servo, pois o senhor é igual ao Faraó’ (Genesis 44:18)”.
Que técnicas de comunicação podemos aprender desta fala de Yehuda?
Primeiro, Yehuda iniciou sua fala pedindo ao vice-rei que não ficasse bravo. Se acreditamos que o que iremos dizer irá irritar a pessoa com quem estamos falando, podemos neutralizar sua raiva potencial ao mencionar – logo de início – que esperamos que o que vamos dizer não a zangue.
Neste único versículo Yehuda chamou a outra pessoa de ‘meu mestre’ duas vezes, enquanto referia a si próprio como ‘seu servo’ duas vezes. Ele tinha um objetivo em mente e para que a outra pessoa estivesse mais aberta a ouvir o que ele tinha a dizer, Yehuda falou com grande respeito enquanto se autosubestimava.
Ninguém perde nada ao fazer isto, mas ganha muito. Somente o orgulho é que nos impede de usar esta abordagem mais frequentemente. É uma ferramenta muito poderosa.
Sobre as palavras “pois o senhor é igual ao Faraó”, Rashi relata que Yehuda tinha vários diferentes níveis de significado em sua comunicação. Podemos aprender da progressão destes níveis. O primeiro significado é que Yehuda disse: “Aos meus olhos o senhor é tão importante quanto o Faraó”. Comecemos com palavras de elogio. Todos gostam de se sentir importantes. Se a pessoa percebe que nós a respeitamos, estará mais prontamente inclinada a ouvir os nossos pedidos.
O segundo significado que Rashi cita é que Yehuda disse a ele: “Da mesma forma que o Faraó foi afligido pelo Todo-Poderoso por causar dificuldades a Avraham e Sara, assim Ele também afligirá você”.
Neste nível, Yehuda estava falando como um amigo e prevenindo-o que fosse cuidadoso ou acabaria sofrendo as conseqüências.
O terceiro significado que Rashi traz é que Yehuda estava repreendendo Yossef. Ele o censurou por não cumprir sua palavra: “Da mesma forma que o Faraó é inconsistente e contraditório, assim também é você”. Nesta abordagem ele estava pedindo que Yossef agisse de uma maneira ética. Yehuda estava apontando que o que Yossef estava fazendo era errado e o censurou por isto.
Aprendamos daqui que com a fala certa e bem intencionada, podemos resolver questões difíceis de uma maneira bastante harmônica e eficaz!
Extraído do Meor Hashabat

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Controlar os seus sonhos...(Zohar)

“O Zohar nos ensina diferentes meios a fim de mudar a qualidade dos sonhos; meios que devem ser utilizados antes do sono, para que sejam eficazes”.
“Contemplação e introspecção: cada manhã nós somos renovados – nossas almas são tais que uma nova criação. A fim de ajudar a re-criação da alma, é necessário examinar atentamente, em nossos espíritos, os acontecimentos do dia; examina-los de maneira crítica, tentar expurgar os elementos negativos. O tudo é permanecer honesto consigo mesmo e nada esconder a si próprio. Dormir com um espírito claro mais calmo, não se deve fixar os problemas no nível da consciência neste momento próximo ao adormecer. Deve-se simplesmente passa-los em revista. Colocar então suas questões. Segundo o Zohar, estas questões encontrarão respostas em seus sonhos.”
“A prece e a meditação: podemos utilizar diferentes letras à noite, antes de dormir. Pode-se, ou seja, vibrar, ou simplesmente meditar sobre estas letras, que atrairão então as energias adequadas, às quais atrairão as energias adequadas a que estão ligadas durante o sono. Além disto, as letras ajudarão a alma a elevar-se nas esferas superiores, a fim de receber a mensagem esperada. Pode-se também utilizar a oração cabalística: “Sh’ma Ysrael, Hashem Elokeinu, Hashem Echad”. É o Sh’ma que é a prece da unificação com D-eus. Ela é bastante poderosa como ajuda para entrar em contacto com as esferas superiores. Pela meditação sobre esta oração e sobre as suas letras, permitimos à nossa alma de conectar-se à Fonte, facilitando, assim, a viagem da alma durante o sono.”
Os ‘she’eloth halom’, ou as questões formuladas no sonho são um conjunto de técnicas que visam responder a uma questão por um verso da Bíblia. Interpreta-se o verso segundo o conteúdo do sonho e da questão.”
“O cabalista Rabbi Isaac ben Samuel de Acre nos conta o seguinte: “eu, o jovem Isaac de Acre, dormia em meu leito e, no final da terceira guarda, uma questão maravilhosa me foi respondida por sonho, uma verdadeira visão como se estivesse acordado, como se segue: ‘você será perfeito com o Senhor seu D-eus’. Rabbi Isaac observa então toda uma série de combinações de palavras e seus equivalentes numéricos, que se referem ao nome divino YBQ e ‘pensa nas letras do Tetragrama quando elas são pronunciadas, em ruminação conceitual, intelectual e não em uma via que chega à garganta pelo coração…’ (Sefer Ozar Hayim, MS Moscou – Guensburg 775, fólios 100b – 101a).”
“O cabalista aprende, pelos sonhos, a técnica para obter respostas às questões colocadas nos sonhos. Ele deve pronunciar as letras dos nomes divinos que encontramos nos versos bíblicos e cujas letras estão permutadas. Uma vez que a pronunciação do Tetragrama é proibida, pronunciam-se as permutações e as combinações de letras com outras letras diferentes das do Tetragrama. Esta técnica é bastante similar à de Abulafiah, cujo sistema é inteiramente baseado nas permutações dos nomes divinos (tzeruf), sobre as suas meditações (hitchbodedut), no seio da cabala extática ou cabala dos nomes divinos. Mesmo que Abulafiah não tenha recorrido à técnica dos sonhos, há pontes entre suas práticas e aquelas que visam a profecia onírica.”
“Segue o que Abulafiah escreve em seu Sefer Hayie Olam ha-Ba: “A outra parte (da ciência da tradicional da cabala) consiste no conhecimento de D-eus por meio das 22 letras, pelas quais os Nomes Divinos e os Selos (hotamoth ou combinações diferentes das letras do Tetragrama) são compostos, com suas vogais e os signos de cantilação. Eles (nomes divinos e selos) “falam aos profetas nos sonhos, nos Urim ve-Tumim, no Espírito Santo e durante as profecias”.
“Um outro exemplo de prática onírica de she’elat halom é dado pelo cabalista Hayim Vital, que recomenda: “você ira ao leito, rezará a ‘que Sua vontade seja’ e utilizará as pronunciações dos nomes divinos escritos diante de você, assim como dirigirás seu pensamento à sua questão, seja para descobrir um problema ligado a um sonho e às coisas futuras, seja para conseguir qualquer coisa que deseja e, em seguida, coloque a questão” (Ketavim Hadashim, Rabbi Hayim Vital (Jerusalém 1988), p.8).”
“Em outro lugar, este cabalista propõe uma técnica de visualização de cores, a fim de alcançar a resolução de questões colocadas nos sonhos: “Visualize o que está acima do firmamento ‘de Aravot’, há uma grande cortina branca sobre a qual está inscrito o Tetragrama, em escritura assíria, com certa cor… e as grandes letras lá estão inscritas, cada uma tão grande como uma montanha. E você deve imaginar em seus pensamentos que coloca sua questão, ou elas colocarão seu espírito em sua boca, ou você adormecerá e elas responderão como em um sonho”.
“E, para terminar com Isaac de Acre, deve-se observar que ele utilizava frequentemente a expressão ‘nim velo nim’ que significa ‘estado de vigília e de não vigília’, para exprimir o estado em que ele se encontrava durante suas práticas oníricas. É nestes estados intermediários de consciência que suas revelações lhe foram dadas e é plausível de ver neste tipo de prática uma influência sofista (segundo Moshé Idel em Os cabalistas da noite, edições Allia).
“Outra técnica elaborada sobre os textos místicos hebraicos é o choro místico. Ou seja um esforço para se obter um resultado direto de um choro que é provocado. O resultado buscado vai da consciência total à visão, passando pela revelação profética.”
“Eis aqui uma história tirada de um midrash (kochelet Eclesiastes Rabbah 10:10), que dá um exemplo do choro místico, como procedimento onírico para se obter percepções ou comunicações paranormais: “Um dos estudantes de Rabbi Shimon Bar Yohai havia se esquecido do que havia aprendido. Em prantos, ele foi ao cemitério. Por causa de seus grandes prantos, Rabbi Shimon foi até ele em sonho e disse: ‘quando você se lamenta, jogue três ramos e eu virei’. O estudante foi a um intérprete de sonhos e lhe contou o que tinha acontecido. Este lhe respondeu: ‘repita o seu capítulo (o que tinha aprendido) três vezes e você se lembrará’. O estudante procedeu assim, e recuperou a memória do que havia aprendido.”
“A correlação entre os prantos e a visita ao cemitério parece estar em relação a uma prática destinada a induzir uma visão. A técnica é o conjunto formado pelos prantos, a visita ao cemitério e o adormecimento, que conduz o personagem a obter uma visão ou um sonho profético.”
“A técnica consistindo em utilizar os prantos, a fim de se obter uma visão, é um tema desenvolvido por Abraham haLevy Beruchim, um dos discípulos de Luriah. Segundo ele, a primeira condição do trabalho é o silêncio, seguido por ‘todas suas preces, em cada hora do estudo, em um lugar difícil (para o estudo), que você não pode compreender e apreender senão pela ciência propedêutica ou por algum segredo; então, derrame as lágrimas mais amargas e, quanto mais você chora e se lamenta, faça-o. Aumente suas lamentações, enquanto as portas das lágrimas não estejam fechadas e que as portas superiores estejam abertas’ (MS Oxford 1706, fólio 494b).”
“Hayim Vital diz a este respeito: “em 1566, na véspera de Shabat, no oito de Tevet, recitei o Kidush e sentei-me para comer; e os olhos deixaram rolar lágrimas, e eu estava triste em seguida… que eu estava ligado pela feitiçaria… e me lamentava por causa da minha negligência da Torah durante os dois últimos anos… e porque estava preocupado, não comia absolutamente nada; e eu me repousava em meu leito sobre o ventre, me lamentando, e caí adormecido de tanto me lamentar e sonhei sonhos maravilhosos” (Sefer Ha-Hezyonot (Livro das Visões) , edição A. Z. Aeshcoli (Jerusalém 1954), p. 42).”
 “É curioso observar que a palavra Halon, que significa janela, está igualmente relacionada à noção de abertura, abertura para o interior do ser, ou para o que é exterior. Nos dois casos, o espaço humano ganha em profundidade e em altura”.


Lágrimas por Shabat

En un pequeño Bet Hakenéset (sinagoga) de los Estados Unidos se encontraban algunos miembros de la comunidad local realizando el homenaje al fallecimiento de Rabí Israel Meir Hacohén, el “Jafetz Jaim”.

Como era costumbre en estos casos, el Rabino principal preparó un discurso donde recordaba algunos de los tantos hechos de tan respetada figura.

Entre las palabras del Rabino, se relató un suceso que a pesar de no contar con muchos detalles, valía la pena ser revelado públicamente.

-Años atrás, en la Yeshivá del Jafetz Jaim, habían descubierto a un muchacho fumando un cigarrillo en pleno Shabat, y debido a que esta falta no podía ser pasada por alto en una institución de tal magnitud, los dirigentes de la misma decidieron expulsarlo definitivamente del plantel.

Al enterarse el Jafetz Jaim de esto, mandó a llamar inmediatamente al joven, quien después de una corta entrevista con él, decidió arrepentido cambiar de magnitud.

“Ignoro cuales fueron las palabras que le dijo el Jafetz Jaim al muchacho” –prosiguió el rabino-.  “Realmente me encantaría saber que sucedió entre ellos para poder así transmitir del mismo modo la trascendencia e importancia del Shabat”.

Con esta incógnita concluyeron sus palabras, y dando por terminada la sesión se dispuso a desalojar la sala; cuando de pronto sintió la presencia de un anciano al final del salón.

El Rabino se acercó a él y le ofreció ayuda. Pero el hombre se negó a recibirla. El Rabino, se alejó sin decir palabra.
De pronto, el anciano lo llamó y le dijo:

-¿Sabes? Yo soy aquel joven que mencionaste…

El Rabino, sorprendidote encontrarse frente al protagonista de su historia, le preguntó si podría revelarle cuáles fueron las palabras que en aquel tiempo intercambió con el Jafetz Jaim.

El anciano accedió y le dijo:

-En realidad, no fue mucho lo que hablamos. En un principio, y debido a mi juventud e inexperiencia, me imponía de sobremanera la idea de entrevistarme con el personaje más importante de la generación. Sin embargo, cuando me vi en aquella casa tan humilde y ante una persona de tan baja estatura que me llegaba a los hombros, pensé: ¿acaso es este el personaje más importante de la generación?

“Muy pronto se aclararon mis dudas, pues fue cuando estrechó el Jafetz Jaim sus manos con las mñias que se ruborizó mi rostro inmediato, y yo, sin atreverme a mirarle a la cara, me sorprendí al descubrir la humedad de sus lágrimas deslizándose sobre nuestras manos. Fue entonces cuando me atrecí a mirar su rostro que sollozaba y murmuraba con grana amargura: “¡Shabat! ¡Shabat Kodesh…!”

“No puedo expresarle lo que pasó por mi mente en esos momentos-continuó-. Sólo recuerdo que sentí una gran humillación y tormento, de pensar cómo era posible que un hombre desconocido para mí fuera capaz de derramar tantas lágrimas por alguien que lo único que tenía en común con él era ser judío.

“Me atormentaba la idea de pensar por qué no sentía yo el mismo dolor por las faltas de mis demás compañeros”.
“Fue entonces cuando comprendí la grandeza de aquel hombre y me decidí a seguir sus pasos. Bastó este detalle de amor e interés por los demás, para que yo entendiera la razón por la cual el Jafetz Jaim era el líder de aquella generación.

Estas palabras del anciano dejaron al Rabino fascinando e impresionado, por la grandeza del Jafetz Jaim.
El anciano, con una sonrisa en los labios, le dijo al Rabino discretamente: ¿Sabes? Éste es el mejor recuerdo de mi vida…”

by Keter de Israel