domingo, 29 de maio de 2011

Exército israelense nomeia mulher general

O Exército israelense outorgou pela primeira vez em sua história a categoria de general a uma mulher, Orna Barbivay, de 49 anos, que assumirá o cargo nas próximas semanas, informou a imprensa local nesta sexta-feira (27).

A militar, que dirigirá o departamento de Recursos Humanos das Forças Armadas, desempenhava até agora a função de gerente desse departamento no Estado-Maior.




Casada e mãe de três filhos, Orna se alistou em 1981 no Exército israelense, no Corpo de Recursos Humanos, onde serviu em diferentes categorias até se tornar a gerente do Comando de Corpos de Infantaria.

A categoria de general é a segunda mais importante na hierarquia militar israelense e a mais elevada a que pode aspirar um soldado antes de ser designado chefe do Estado-Maior ou do Exército.

A promoção de Orna, decidida nesta quinta-feira (26) pelo chefe do Exército, Benny Gantz, e o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, foi recebida com entusiasmo por políticas e deputadas israelenses.

Tzipi Livni, líder do principal partido da oposição, o Kadima, comemorou a decisão, que qualificou de "mensagem correta à sociedade em Israel, tanto para homens quanto para mulheres".

terça-feira, 10 de maio de 2011

DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL

Lida por David Ben Gurion no dia 14 de maio de 1948
"A terra de Israel é o berço de origem do povo judeu. Aqui a sua identidade espiritual, política e religiosa foi moldada. Aqui os judeus formaram uma nação, criaram valores culturais de significado nacional e universal e deram ao mundo o eterno Livro dos Livros.

Depois de forçosamente exilado de sua terra, este povo conservou sua fé durante a dispersão e nunca deixou de sonhar e rezar com o retorno para a sua pátria e, nela, com a restauração de sua liberdade política. Impelidos por sua ligação histórica e tradicional, os judeus lutaram geração após geração para se estabelecer em sua antiga terra natal.

Nas décadas recentes, para cá voltaram em massa pioneiros e defensores que fizeram desertos florescerem, reavivaram o idioma hebraico, construíram vilas e cidades, criaram uma próspera comunidade que controla a sua própria economia e cultura, cultivando a paz mas sabendo como se defender, trazendo os benefícios do progresso para todos os habitantes do país e aspirando por sua independência nacional.

No ano de 5657 (1897), no Primeiro Congresso Sionista, o pai espiritual do Estado Judeu, Theodor Herzl, delineou e proclamou o direito do povo judeu de fazer renascer o seu próprio país. Este direito foi reconhecido pela Declaração Balfour de 2 de novembro de 1917 e reafirmado pelo mandato da Liga das Nações que, em particular, deu sanção internacional à conexão histórica entre o povo judeu e Eretz Israel e o direito deste povo de reconstruir o seu Lar Nacional.

A catástrofe que recentemente se abateu sobre o povo judeu, o massacre de milhões de judeus na Europa, foi outra clara demonstração da urgência de ser resolvido o problema dos sem-pátria, com o restabelecimento de um Estado Judeu em Eretz Israel, abrindo suas portas para todos os judeus e conferindo-lhes a condição de membros integrantes da comunidade das nações.

Sobreviventes do holocausto perpetrado pelos nazistas na Europa, assim como os judeus do resto do mundo, continuaram a emigrar para Eretz Israel. Apesar das dificuldades, restrições e perigos, nunca deixaram de assegurar seu direito a uma vida com dignidade, liberdade e trabalho honesto em seu Lar Nacional.

Na Segunda Guerra Mundial, a comunidade judaica deste país contribuiu por completo com as nações que amam a paz e a liberdade contra as forças da tirania nazista; e, com o sangue de seus combatentes e esforços de guerra, ganhou o direito de ser reconhecida entre os povos que fundaram as Nações Unidas.

No dia 29 de novembro de 1947, a Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou a resolução de um Estado Judeu em Eretz Israel. A Assembléia Geral instou seus habitantes a tomarem as medidas necessárias para a implementação dessa resolução. É irrevogável o reconhecimento das Nações Unidas pelo direito do povo judeu de estabelecer o seu Estado.

Este direito é o direito natural do povo judeu de ser o senhor de seu destino, em seu Estado soberano, a exemplo das demais nações.

Conseqüentemente, os membros do Conselho do Povo, representantes da comunidade judaica de Eretz Israel e do movimento sionista, aqui reunidos no dia do término do mandato britânico sobre Eretz Israel, em virtude de nosso histórico e natural direito e por força da resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas, por esta proclamação declaram o estabelecimento de um Estado Judeu em Eretz Israel, a ser conhecido como Estado de Israel.


Declaramos que a partir do término do mandato britânico esta noite, véspera do Shabat, no sexto dia do mês de Iyar de 5708, até o regular estabelecimento das autoridades do país, através de eleições não posteriores ao dia 1º de outubro de 1948, o Conselho do Povo atuará como o Conselho Provisório do Estado e seu órgão executivo será o governo provisório do Estado Judeu, designado como Israel.

O Estado de Israel estará aberto para a imigração judaica e para a reunião dos exilados; incrementará o desenvolvimento do país em benefício de todos os seus habitantes; será baseado na liberdade, na justiça e na paz conforme apregoado pelos profetas de Israel; vai assegurar a todos os seus habitantes igualdade e direitos sociais e políticos, independentemente de sua religião, raça ou sexo; garantirá a liberdade de religião, pensamento, idioma, educação e cultura; guardará os lugares sagrados de todas as religiões e será fiel aos princípios da Carta das Nações Unidas.

O Estado de Israel está pronto para cooperar com todas as agências e representantes das Nações Unidas para a implementação da resolução da Assembléia Geral de 29 de novembro de 1947 e tomará medidas para a integração econômica de toda Eretz Israel.

Nós apelamos às Nações Unidas para que ajudem o povo judeu na construção de seu Estado e que recebam o Estado de Israel na comunidade das nações.

Nós apelamos, mesmo em meio aos ataques contra nós desferidos, aos habitantes árabes do Estado de Israel que preservem a paz e participem da construção do país com base em plena e igual cidadania e na sua representação em todas as instituições provisórias e permanentes. Estendemos nossas mãos a todos os países que nos cercam em um oferecimento de paz e boa vizinhança e que estabeleçam laços de cooperação e ajuda mútua com o povo judaico, soberano em sua própria terra. O Estado de Israel está preparado para participar de um esforço comum pelo desenvolvimento de todo o Oriente Médio.

Apelamos aos judeus da Diáspora para cerrarem fileiras com os judeus de Eretz Israel nas tarefas de imigração e de soerguimento e os apoiem na luta pela realização de nosso antigo sonho, a redenção de Israel.

Asseverando nossa confiança na Rocha de Israel, apomos nossas assinaturas na presente proclamação, nesta sessão do Conselho Provisório do Estado, no solo de nossa pátria na cidade de Tel Aviv, véspera do Shabat, quinto dia do mês de Iyar de 5708".

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A PÁTRIA JUDAICA

 
Depois de uma espera de 1.878 anos, os judeus ganham um país. Mas a independência de Israel não encerra a longa marcha: a diplomacia fracassou e a guerra com os árabes continua.

Lida por Ben-Gurion e assinada pelos 24 dos 37 membros da assembléia presentes ao histórico evento, a declaração de independência do mais novo país do globo buscou no passado histórico e no presente político as bases morais e legais para sua fundação.
O documento notificava que a Terra de Israel era o local de nascimento do povo judeu e que o movimento sionista era testemunho do papel representado pela Palestina em sua história e religião. Dizia também que a declaração de Balfour e a partilha das Nações Unidas, além do sacrifício dos pioneiros sionistas e da tormenta sofrida com o Holocausto, davam aos judeus o direito inalienável de estabelecer seu estado no Oriente Médio. A cerimônia, transmitida pela Kol Yisrael, "a voz de Israel", tornada rádio oficial do novo estado sionista, provocou uma explosão incontida na população hebraica em todos os rincões da Palestina. Enquanto dentro do Museu Nacional de Tel-Aviv o público, emocionado, entoava a plenos pulmões a Hatikvah (tradicional canção judaica que celebra a esperança), do lado de fora do recinto, assim como em diversas cidades da nova nação – à exceção de Jerusalém, que se encontrava sem eletricidade –, populares ganhavam as ruas para congratular-se uns aos outros.

Combates ferrenhos - Em meio aos festejos, contudo, era possível notar no semblante de David Ben-Gurion que o calejado líder não comungava do regozijo de seus pares. Antes de sair do local, acompanhado da mulher, Paula, confidenciou, diligente, a um de seus auxiliares: "Não sinto alegria dentro de mim. Apenas uma ansiedade profunda, como no último 29 de novembro [data do anúncio da partilha da ONU, aceita pelos judeus mas rejeitada pelos países árabes], em que eu mais parecia um lamentador num banquete." Se, para muitos, o dia 14 de maio marcava o fim de um périplo de dois mil anos por um lar nacional, para Ben-Gurion era apenas o começo. E a história não demorou a prová-lo correto.

Os ataques árabes vieram de imediato. Exércitos de cinco países – Líbano, Síria, Egito, Iraque e Transjordânia (a Legião Árabe, treinada pelos britânicos) – acometeram, naquela mesma tarde, o território então dominado pelos judeus em diversos pontos de suas fronteiras. Combates ferrenhos se seguiram nas duas últimas semanas deste mês, com os defensores buscando manter suas posições contra as investidas na maioria das vezes desorganizadas dos vizinhos. A diferença na quantidade e qualidade de armamentos é abismal – o arsenal judeu é escasso e antiquado, por conta da restrição britânica de importação de armas durante o mandato, enquanto o árabe é mais moderno e volumoso, arrematado em boa parte da própria Grã-Bretanha. Ainda assim, os hebreus, com suas forças bem coordenadas, lograram importantes êxitos militares, frustrando a previsão de um acachapante massacre árabe.

domingo, 1 de maio de 2011

Eli, o Sumo Sacerdote


O 10º dia de Iyar é o aniversário da morte de Eli, o Sumo Sacerdote. Trazemos a você a história da sua vida.

Eli era um descendente de Ithamar, o quarto e último filho de Aharon, o Sumo Sacerdote. Ele tornou-se Sumo Sacerdote (Cohen Gadol) após a morte de Pinechás, filho de Elazar, irmão mais velho de Ithamar.

Não sabemos por que Eli ascendeu ao Sumo Sacerdócio, em vez do filho de Pinechás. O último descendente da linhagem de Ithamar a ser Sumo Sacerdote foi Evyathar, neto do neto de Eli, Achituv. Evyathar foi Sumo Sacerdote durante o reinado do Rei David. No entanto, foi banido pelo Rei Shelomô por se aliar a Adoniyah, o meio-irmão mais velho de Shelomô que tentou abocanhar a sucessão ao trono.

O Sumo Sacerdócio então voltou para a linhagem de Elazar ben Aharon, na pessoa de Tzadok, o Sumo Sacerdote, e seus descendentes. Eli foi também o único naqueles dias da história de nosso povo a usar duas coroas, pois era tanto Juiz (Shofet) quanto Sumo Sacerdote. Ele se tornou juiz aos 58 anos, após a morte de Shimshon (Samson) em 2830 (ou 2831), mantendo este cargo durante quarenta anos, até sua trágica morte aos 98 anos.

Naqueles tempos o Mishcan (Santuário) ficava em Shiló, que era o centro da vida religiosa do povo. Ali era a residência de Eli, o Sumo Sacerdote, quarto na cadeia ininterrupta da Lei Oral (Messorá), começando com Moshê Rabenu e continuando com Yehoshua e Pinchas.

Era ali, no Santuário de Shiló, que Hanna, esposa do levita Elkaná, ia rezar por um filho. Ela tinha sido estéril por muitos anos. Prometeu que, se D'us a abençoasse com um filho, ela o consagraria ao serviço de D'us por toda a vida.

Eli expressou a ela seu desejo de que D'us lhe concedesse esta bênção. Dentro de um ano ela deu à luz um filho, a quem chamou Shemuel, e estava destinado a ser um grande profeta, sucessor de Eli como juiz de todo o povo judeu.

A alegria de Hanna não tinha limites. Nos primeiros anos ela o manteve em casa. Depois, fiel à sua promessa, ela o levou a Shiló e o entregou a Eli, para que este o criasse. Sob a orientação de Eli, Shemuel cresceu numa atmosfera completamente religiosa, e logo demonstrou que era um pupilo digno do mestre.

Eli era um homem bom por natureza, e amado por todos que o procuravam em busca de orientação espiritual. O jovem Shemuel era especialmente apegado a ele, seguindo fielmente suas instruções. Eli tinha mais orgulho dele que dos seus próprios dois filhos, Hofni e Pinechas que, infelizmente, não seguiram os passos do pai. Aproveitando-se de sua posição privilegiada, eles degradaram o sacerdócio aos olhos das massas, praticando suborno e corrupção. Eli repreendia os filhos, mas aparentemente isso não bastava. Fosse como fosse, eles não tentavam melhorar.
Certo dia um profeta levou a Eli uma mensagem severa de D'us. Nela, Eli era culpado pela má conduta dos filhos e foi avisado de que os seus dois filhos morreriam no mesmo dia, e o sacerdócio seria transmitido de sua casa para uma outra.

A mesma profecia logo foi repetida na primeira revelação Divina de Shemuel, que ele recebeu quando era ainda muito jovem. Uma noite, quando se deitou para descansar no Tabernáculo em Shiló, Shemuel ouviu uma voz chamando seu nome. Ele levantou-se e correu até o idoso Eli, pensando que este o chamara. Porém Eli lhe disse para voltar, pois não o tinha chamado. Isso se repetiu três vezes, e então Eli percebeu que era um chamado Divino. Disse ao rapaz que quando ouvisse a voz novamente, deveria responder: "Fala, ó Senhor, pois Teu servo está escutando."

A mensagem que Shemuel recebeu era muito triste: "Veja, Eu farei algo em Israel, que os dois ouvidos de todos que o escutarem deverão doer. Naquele dia Eu farei contra Eli as coisas que falei a respeito dessa casa… Eu castigarei esta casa para sempre, pela ofensa que ele sabia que tornaria seus filhos amaldiçoados, mas não os refreou. A iniqüidade da casa de Eli não será purgada com sacrifício nem oferenda para sempre."

Relutante, o jovem profeta relatou a Divina mensagem a Eli, e o velho respondeu humildemente: "É a vontade de D'us; que Ele faça o que Lhe parecer bom."

Shemuel cresceu repleto de fé e de coragem, fortalecido pelo espírito que D'us concedia sobre ele. O povo reconheceu nele um futuro líder. Eli, também, não tinha dúvida de que seus dois filhos não eram dignos de serem seus sucessores para levar adiante a Tradição. Eli já estava idoso e não podia exercer qualquer influência sobre eles. Sabia que seu sucessor como juiz sobre todo o povo seria Shemuel.

Durante algum tempo os judeus viveram em paz e não foram incomodados pelos filisteus no oeste. Mas então ouviu-se rumores de guerra, e novamente contra os filisteus. Em Aphek irrompeu uma batalha, e os judeus tiveram de recuar após perderem quatro mil homens. Agora os anciãos de Israel lembraram que nos dias de Yehoshua, a Arca de D'us tinha sido carregada à frente do exército e isso sempre assegurara o sucesso. Foram então a Shiló e exigiram que a Arca fosse tirada do Tabernáculo e levada a eles. Hofni e Pinechas pessoalmente acompanharam a Arca sagrada até o acampamento. Sua presença restaurou de imediato a coragem dos israelitas. Assim que a viram, eles deram um grito de guerra, tão alto que a terra tremeu.

Porém era a vontade de D'us que os filisteus triunfassem. Eles lutaram com uma coragem desesperada, e os israelitas foram derrotados novamente; desta vez trinta mil soldados foram assassinados e o restante fugiu em debandada. Hofni e Pinechas estavam entre os mortos, e a Arca da Aliança ficou nas mãos do inimigo pagão. A triste profecia sobre a calamidade que estava para se abater sobre a casa de Eli agora se desenrolava em toda a sua tragédia.

Em Shiló, Eli e o povo ali reunido esperavam ansiosos as notícias sobre a batalha. Por fim chegou correndo um enviado da Tribo de Benyamin, com as roupas rasgadas e a cabeça suja de terra. (Segundo nossos Sábios este mensageiro era Shaul, que mais tarde seria rei de Israel.) Eli estava sentado à beira do caminho quando o mensageiro entrou pelos portões da cidade; ele ouviu um clamor. "O que significa este tumulto?" perguntou o ancião, repleto de maus presságios. Sua vista precária não permitiu que visse as roupas do mensageiro e a sua cabeça coberta de terra, que contavam tudo por si mesmas. Ele então aproximou-se e lentamente deu a terrível notícia. "Estou chegando do campo de batalha" – começou ele – e estou fugindo de lá."

Eli, ansioso, interrompeu e perguntou: "O que aconteceu lá, meu filho?"

Então o mensageiro relatou todas as más notícias:

"Nosso povo fugiu dos filisteus, e houve uma grande matança entre o povo, e teus dois filhos, Hofni e Pinechas, estão mortos, e a Arca de D'us foi levada."

Quando Eli soube do destino da Arca, caiu para trás no assento, dominado pela dor, e ali morreu, aos noventa e oito anos, após ter sido juiz durante quarenta anos.

A Arca sagrada permaneceu na posse dos filisteus por sete meses. Durante esse tempo eles tinham sofrido calamidades e infortúnios que os assustaram tanto, que resolveram devolver a Arca aos israelitas. A Arca foi colocada numa carroça nova puxada por duas vacas que jamais tinham sido atreladas antes, e deixaram que fossem por elas mesmas. Os animais seguiram, tomaram a estrada reta até Bet Shemesh, e não se desviaram do caminho. Era época da colheita de trigo, e os colhedores em Bet Shemesh recepcionaram com júbilo a chegada inesperada da Arca Sagrada. De Bet Shemesh a Arca foi mais tarde levada a Kiryath Ye'arim, onde permaneceu até a época do Rei David.

Enquanto isso, o Profeta Shemuel assumiu a liderança do povo judeu. Ele trouxe um grande renascimento espiritual, fazendo anualmente uma ronda partindo de sua casa em Ramá, onde nascera, passando por Bethel, Gilgal e Mitzpá, julgando e instruindo o povo, e restaurando a paz, união e segurança a toda a nação judaica.

Por Nissan Mindel